JORNAL DO
COMMERCIO - www.jc.com.br
Editorial -
11/05/2015
Crowdfunding docente
Reprovado em diversos indicadores de ensino, o Brasil possui evidentes carências em todos
os níveis educacionais. Entre essas carências está a baixa motivação de estudantes e dos professores, cuja falta de estrutura didática salta aos olhos tanto quanto a remuneração injustamente baixa face à missão que lhes cabe. A cada greve, assim como após cada divulgação vexatória da posição brasileira nos rankings internacionais de conhecimento, fica mais difícil entender por que o investimento na qualificação dos professores e dos métodos de ensino ainda não é prioritário no País.
Por isso, merece a atenção da sociedade a iniciativa de um grupo de jovens mestres que se reuniu em uma organização não-governamental (ONG) para mobilizar e articular a arrecadação de recursos voltados à melhoria do ensino nas escolas da rede pública em
Pernambuco. Como retratado em matéria publicada pelo JC no último dia 3, a plataforma de apoio traduz a tecnologia em um modo de fácil acesso, condizente com o espírito aberto da onipresente rede de informações disponível em nosso tempo.
Para se cadastrar, os professores das unidades públicas de ensino entram no site www.somosprofessores.org, estabelecendo imediatamente parceria com a ONG. O segundo passo é a apresentação, pelos professores, de projetos que requisitam financiamento para a execução. Deve constar no projeto elementos básicos, incluindo a proposta, suas necessidades e os efeitos esperados no aprendizado e na vida dos alunos. Em seguida, a equipe da ONG elabora o orçamento, antes de lançar a ideia no site da entidade e nas redes sociais. A partir daí, qualquer indivíduo interessado pode contribuir para a sua viabilização, através da doação do valor que dispuser, via transferência bancária, pagamento de boleto ou cartão de crédito – portanto, só não efetua a doação quem, de fato, não quiser.
O mecanismo de apoio é simples, replicando a ideia do crowdfunding, ou financiamento coletivo, disseminado em outras áreas, como a produção cultural. Estimula a iniciativa dos docentes e proporciona a criação de um largo tecido colaborativo, no vácuo do financiamento oficial. Sem a inércia da burocracia estatal, os projetos escolhidos pelos internautas recebem o material comprado pela equipe da organização, que não tem fins lucrativos. Se o dinheiro arrecadado não for suficiente depois de um certo período, as doações efetuadas são integralmente devolvidas.
O objetivo dos criadores da plataforma online mistura idealismo romântico com a impactante leveza das mudanças possíveis. Um objetivo grandioso, ousado e plenamente alcançável: “Encurtar a distância entre as pessoas que sonham com a melhoria do ensino público e as que têm o poder de tornar isso realidade: os professores”. Como os fundadores da entidade, Pedro Dantas e Luiz Paulo Ferraz, professores de história, que consideram que cada um que ajuda a educação, mesmo sem ser formado em magistério, deve se sentir também um professor.
Crowdfunding docente
Reprovado em diversos indicadores de ensino, o Brasil possui evidentes carências em todos
os níveis educacionais. Entre essas carências está a baixa motivação de estudantes e dos professores, cuja falta de estrutura didática salta aos olhos tanto quanto a remuneração injustamente baixa face à missão que lhes cabe. A cada greve, assim como após cada divulgação vexatória da posição brasileira nos rankings internacionais de conhecimento, fica mais difícil entender por que o investimento na qualificação dos professores e dos métodos de ensino ainda não é prioritário no País.
Por isso, merece a atenção da sociedade a iniciativa de um grupo de jovens mestres que se reuniu em uma organização não-governamental (ONG) para mobilizar e articular a arrecadação de recursos voltados à melhoria do ensino nas escolas da rede pública em
Pernambuco. Como retratado em matéria publicada pelo JC no último dia 3, a plataforma de apoio traduz a tecnologia em um modo de fácil acesso, condizente com o espírito aberto da onipresente rede de informações disponível em nosso tempo.
Para se cadastrar, os professores das unidades públicas de ensino entram no site www.somosprofessores.org, estabelecendo imediatamente parceria com a ONG. O segundo passo é a apresentação, pelos professores, de projetos que requisitam financiamento para a execução. Deve constar no projeto elementos básicos, incluindo a proposta, suas necessidades e os efeitos esperados no aprendizado e na vida dos alunos. Em seguida, a equipe da ONG elabora o orçamento, antes de lançar a ideia no site da entidade e nas redes sociais. A partir daí, qualquer indivíduo interessado pode contribuir para a sua viabilização, através da doação do valor que dispuser, via transferência bancária, pagamento de boleto ou cartão de crédito – portanto, só não efetua a doação quem, de fato, não quiser.
O mecanismo de apoio é simples, replicando a ideia do crowdfunding, ou financiamento coletivo, disseminado em outras áreas, como a produção cultural. Estimula a iniciativa dos docentes e proporciona a criação de um largo tecido colaborativo, no vácuo do financiamento oficial. Sem a inércia da burocracia estatal, os projetos escolhidos pelos internautas recebem o material comprado pela equipe da organização, que não tem fins lucrativos. Se o dinheiro arrecadado não for suficiente depois de um certo período, as doações efetuadas são integralmente devolvidas.
O objetivo dos criadores da plataforma online mistura idealismo romântico com a impactante leveza das mudanças possíveis. Um objetivo grandioso, ousado e plenamente alcançável: “Encurtar a distância entre as pessoas que sonham com a melhoria do ensino público e as que têm o poder de tornar isso realidade: os professores”. Como os fundadores da entidade, Pedro Dantas e Luiz Paulo Ferraz, professores de história, que consideram que cada um que ajuda a educação, mesmo sem ser formado em magistério, deve se sentir também um professor.
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