Veiculo: JORNAL DO
COMMERCIO
Editoria: Política
Data: 14/12/2016
PEC do Teto é aprovada e segue para
promulgação
Oposição não conseguiu derrubar proposta que
congela os gastos federais pelos próximos 20 anos
Sob protestos em ao menos sete estados e no
Distrito Federal, o Senado aprovou ontem, por 53 votos a favor e 16 contra, a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que congela os gastos federais pelos
próximos 20 anos, a PEC do Teto. Prioridade do governo Michel Temer no
Legislativo em 2016, a proposta será promulgada pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL) amanhã.
O texto restringe as despesas do governo federal à
inflação do ano anterior. Saúde e educação, as duas áreas de maior despesa do
governo depois da Previdência, também estão sujeitas ao teto. Pelas regras
atuais, as duas áreas têm uma fatia fixa das receitas públicas. O teto do gasto
durará pelo menos nove anos. Depois disso, o presidente da República pode propor
nova regra para conter gastos, válida para seu mandato.
A oposição tentou atrasar a votação da PEC.
Apresentou uma série de requerimentos e fez críticas aos procedimentos adotados
por Renan. Na quinta-feira passada, o presidente do Senado fez, em apenas sete
horas, as três sessões previstas pelo regimento da Casa entre o primeiro e o
segundo turnos de votação para cumprir o cronograma acertado com o presidente
Michel Temer.
O senhor rasgou a Constituição, rasgou o
regimento. É como se dissesse: se eu descumpri uma decisão do Supremo, imagina
do Parlamento, imagina a posição da oposição, disse o senador Lindbergh Farias
(PT-RJ), em alusão ao posicionamento de Renan de não cumprir decisão do ministro
Marco Aurélio Mello, do STF, que determinou seu afastamento do comando do
Senado. O plenário do tribunal derrubou a decisão dois dias depois.
Em outra frente, a oposição tentou suspender a
tramitação da PEC na Justiça. Mas o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo
Tribunal Federal, negou ontem um novo pedido apresentado pelas senadoras Gleisi
Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) na noite anterior.
Oposicionistas também pediram, oficialmente, a renúncia de Temer por falta de
condições de governar.
Não tratamos aqui de antecipação das eleições
gerais, com as quais até concordamos. Queremos focar nas eleições para o cargo
de presidente, afirmou o líder do PT, Humberto Costa (PE). Ele disse que a PEC
é inconstitucional, interfere nos outros poderes (...) e também ataca o artigo
da Constituição que impede que os direitos sociais sofram uma regressão. O
próximo passo será pedirmos uma ação de inconstitucionalidade contra essa
proposta, declarou.
Líder do DEM no Senado, um dos partidos da base
aliada, o senador Ronaldo Caiado (GO) insinuou que Temer deveria renunciar e
cogitou a realização de eleições gerais, com disputa também a cargos do
Congresso. Para ele, é preciso que Executivo e Legislativo verifiquem se ainda
têm condição de governar e legislar ou se é necessário um gesto maior. Em
nota, o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), afirmou que a
manifestação não representa o posicionamento do partido. (Da redação com
agências)
A PEC do Teto
O que é o teto dos gastos
públicos?
É um mecanismo proposto
pelo governo para frear o crescimento dos seus gastos, com o objetivo de
equilibrar o orçamento no longo prazo e conter o aumento da dívida
pública
Como os gastos serão
corrigidos?
O crescimento das despesas será limitado pela
correção da inflação do ano anterior. Será usada a inflação acumulada em 12
meses até junho, segundo o IPCA, o índice oficial de preços
Por quanto tempo?
O congelamento dos
gastos pode durar 20 anos (até 2036), mas há a possibilidade de revisão do
mecanismo após os primeiros nove anos (em 2025)
Há alguma exceção?
O teto não se aplica
aos gastos com juros da dívida, que o governo não tem como controlar, repasses
obrigatórios para estados e municípios, incluindo o dinheiro de um fundo
destinado à educação básica, gastos com eleições e capitalização de
estatais
Saúde e educação estão
ameaçadas?
A Constituição hoje
destina parte das receitas do governo a essas áreas. Com o teto, essas
vinculações serão substituídas por um novo piso, que, a partir de 2018, será
corrigido pela inflação do ano anterior como as outras despesas
E os estados?
Projeto que autoriza a
renegociação de dívidas de estados e municípios com a União submete os gastos
dessas unidades da Federação ao teto por dois anos. O plano do governo é enviar
ao Congresso outro projeto depois, estendendo o teto imposto aos gastos federais
a estados e municípios por mais tempo.
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