CORRUPÇÃO
DURANTE A PANDEMIA NO BRASIL
O Brasil se manteve estagnado, "em patamar muito
ruim", no principal ranking mundial de corrupção, segundo relatório
divulgado (28/01) pela ONG Transparência Internacional. O índice de 2020 (em 2020, o Brasil registrou 38 pontos, três a
mais que em 2019) analisa especificamente
a correlação entre os níveis de corrupção e a resposta das nações à pandemia de
coronavírus no ano passado. O pequeno aumento no número de pontos fez o Brasil
saltar da 106ª posição registrada em 2019 para a 94ª.O relatório destaca o impacto da corrupção nas respostas
governamentais à Covid, comparando o desempenho dos países no índice com seu
investimento em assistência médica e a extensão do enfraquecimento das normas e
instituições democráticas durante a pandemia.
Com
a dispensa de licitações em função do caráter emergencial da crise provocada
pela pandemia do novo coronavírus, casos de corrupção disputaram o noticiário
com as manchetes sobre o próprio avanço da doença. O que aumenta a gravidade da
situação é que os recursos deveriam ser usados para combater a doença e
prevenir a transmissão e mortes em decorrência da Covid-19. Sem esse
dinheiro, o já difícil trabalho de conter a doença se tornou ainda mais
complicado. Até o dia 3 de dezembro de 2020, a Polícia Federal (PF) fez 61 operações policiais que
transpassam o combate à pandemia e envolvem irregularidades em contratos,
fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos. Desde
compras de máscaras e aventais, até aquisição de respiradores e contratos de
hospitais de campanha para atender os pacientes com Covid-19.
Diversos
foram os atores e alvos dessas investigações de corrupção – de norte a sul do
país. Devido à flexibilizações de regras para licitações e compras por parte de Estados, Municípios e União, a probabilidade de corrupção, fraudes e má
alocação de recursos aumenta. Afinal, se com todas as regras em vigor o Brasil
já registra uma alta percepção de corrupção, e sem elas?
A
flexibilização das exigências segue a lógica de buscar maior celeridade diante
da urgência do cenário. Dessa forma, deixa-se, por exemplo, de exigir
concorrência entre empresas e há maior flexibilização dos preços. Além disso,
há uma natural desmobilização da sociedade civil e menos fiscalização da
imprensa, ambas mais preocupadas e pautadas com os efeitos da crise sanitária.
O resultado desses fatores reunidos é a tendência de um aumento nos escândalos
de corrupção na pandemia. Lamentavelmente, esse cenário ficará mais claro no
pós-pandemia.
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