terça-feira, 2 de agosto de 2016

“A corrupção leva ao sofrimento uma sociedade inteira”, diz Cármen Lúcia



Em entrevista a Roberto D’Ávila, a jurista, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal e ex-presidente do TSE fala sobre a crise política no país.

 
 
A ministra Cármen Lúcia está há 10 anos no Supremo Tribunal Federal e deverá ser a próxima presidente do STF. Como boa mineira, é ponderada, firme nas suas convicções, e tem um olhar como juíza, sempre direcionado para uma sociedade moderna e mais justa. Em entrevista a Roberto D’Avila para a GloboNews, Cármen Lúcia falou sobre o respeito à Constituição, o processo de impeachment contra a presidente Dilma, o significado de golpe, a divulgação de conversas telefônicas grampeadas na Operação Lava-Jato, delação premiada, a “enorme responsabilidade” de um juiz, e lembrou de momentos difíceis em julgamentos no Supremo.
 
Defensora da liberdade de imprensa e de expressão, Cármen Lúcia ficou famosa ao proferir a frase “cala a boca já morreu”, ao votar pela impossibilidade de biografias serem previamente censuradas por qualquer indivíduo ou autoridade, em junho do ano passado:
“Tenho muita consciência de que não existe democracia sem a liberdade de expressão e de uma imprensa livre. Exageros devem ser contidos e existem em outras profissões”.
Defendeu a ministra, que cursou a faculdade em tempos de ditadura. Sobre a crise política, a jurista disse que “pode ser tudo no Brasil atualmente, mas não há um caminho agora muito claro”:
“O que nós temos efetivamente é um processo crítico, cujos resultados e opções não estão claros ainda”.
Cármen Lúcia destacou que os juízes têm suas visões de mundo, mas não têm liberdade para dizer o que querem e o que pensam:
“A toga(o manto) não é minha, a toga é do Brasil. O Supremo não se acovarda por uma razão simples. Cumpre o papel e o resultado está à mostra do povo. Tenho repetido sempre que o juiz deixa em casa, e tem que deixar ,toda a paixão no congelador, mas tem que levar muita compaixão para os julgamentos”.
A ministra defendeu o respeito à Constituição e destacou que:
“a corrupção leva ao sofrimento uma sociedade inteira, porque as pessoas se sentem agredidas, indignadas por esta circunstância”.

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