Conheça
mais sobre transtorno de ansiedade, o mal do século
Mais de 9% da população brasileira sofre deste mal que tem
tratamento e cura. Entenda porque a ansiedade patológica atrapalha a vida e
saiba como combatê-la.
Perder o sono, se
revirar na cama na véspera de um acontecimento importante, sentir frio na
barriga... Todos nós sentimos ansiedade. E isso não é ruim. Essa sensação
integra o nosso sistema de defesa e está projetada em quase todos os animais
vertebrados, desde peixinhos ornamentais até seres humanos. A seleção natural,
inclusive, sempre agiu em favor dos mais preocupados.
Em uma situação que
envolva risco de vida, por exemplo, as chances dos mais inquietos, apreensivos
e atentos saírem ilesos são maiores que as dos mais distraídos e relaxados.
Transferindo essa condição para milhares de anos de evolução natural, o
resultado é que todo mundo é ansioso em maior ou menor grau.
Percebendo os limites da ansiedade
Moradora de Rio do
Sul, Larissa Passig, 23 anos, desde criança se preocupava com suas tarefas da
escola e com acontecimentos que ainda estavam por vir.
– Minha mãe conta
que eu nunca ia brincar sem antes terminar a lição de casa, mesmo que isso não
fosse uma exigência dela. Sempre senti a necessidade de querer fazer tudo
rápido e de ter as coisas sob controle – relata.
Mas, a partir dos
17 anos, o que era até então excesso de responsabilidade se transformou em
transtorno de ansiedade.
– Começaram as
minhas preocupações com as responsabilidades da faculdade e com o mercado de
trabalho. Mudei da área administrativa para a contábil, onde a pressão, em
minha opinião, é maior. Minhas apreensões com prazos e resultados começaram a
dominar a minha vida e eu passei a exigir demais de mim mesma e a não conseguir
mais aproveitar o presente. Só pensava no que eu teria de enfrentar nos dias
que viriam – conta Larissa que, então, começou a sentir os sintomas do que se
caracteriza como transtorno de ansiedade, ou ansiedade patológica.
– Comecei a não
dormir bem, sentir dores no peito, falta de ar e a estar sempre sofrendo por
antecipação. Então passei a descontar tudo na comida. Foi a válvula de escape
que eu encontrei – relembra.
De acordo com a
psicóloga Janara Vanderlinde, do Núcleo de Atenção à Saúde da Unimed Alto Vale,
a ansiedade é absolutamente normal até certo ponto. Mas se torna necessário
investigar com orientação médica se essa sensação foge do controle e provoca
pavor diante de situações contornáveis e relativamente simples.
– A ansiedade é uma
manifestação fisiológica, inerente ao ser humano e necessária para a
sobrevivência social. É normal, por exemplo, sentir consternação antes de uma
prova importante e até ficar sem dormir na noite anterior. Mas viver sob forte
e persistente tensão em muitos momentos do cotidiano foge do que é considerada
ansiedade natural – conta.
Mal do século já chega a 33% da população mundial
De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), distúrbios relacionados à ansiedade afetam
33% da população em todo o mundo, o que significa 264 milhões de pessoas. No
Brasil, as estatísticas apontam que 9,3% (18.657.943) dos brasileiros sofrem
com transtorno de ansiedade, ou seja, quase três vezes mais do que a média
mundial.
Não à toa a
ansiedade foi apelidada por muitos especialistas como a “doença do século”.
Falta de tempo, uso excessivo de tecnologias, competitividade no mercado de
trabalho e a obrigação social de ser bem-sucedido estão entre os gatilhos
principais da patologia.
– A ansiedade
tornou-se habitual no mundo moderno. Mesmo que não percebamos, ela está sempre
por perto. A patológica é diagnosticada quando a pessoa passa dos limites, ou
seja, quando perde a noção de espaço, quando o medo se torna excessivo, quando
há palpitações, tremores, náuseas, taquicardia e até mesmo desmaio. Vale
lembrar que a ansiedade normal passa com o tempo, enquanto a patológica se
agrava – relata Janara.
Segundo a
especialista, não há como definir com exatidão as causas que levam uma pessoa à
ansiedade patológica, mas ela lista quatro fatores comuns na maioria dos casos:
Estresse
muito alto
A sobrecarga no
trabalho e as cobranças são as principais causas de uma pessoa ficar ansiosa.
Normalmente, ela não fala sobre o assunto e vai guardando tudo até chegar em um
ponto insuportável.
Traumas
Alguns traumas de
infância fazem com que a pessoa seja insegura e evite certas situações. E
quando ela se depara com essas situações, fica nervosa e pode ter alguns
sintomas como dores de cabeça e náuseas.
Angústias
Quando se está
angustiado pode-se constatar ansiedade, afinal, os problemas pessoais e
familiares deixam as pessoas mais preocupadas, o eleva os níveis de estresse.
Sem
razão aparente
Muitas vezes não há
razão específica para o desenvolvimento do transtorno de ansiedade. Hábitos
ruins podem nos deixar mal. Por isso, algumas pessoas não conseguem justificar
esse sentimento, o que traz ainda mais frustração.
Apoio psicológico que conforta e alivia a tensão
Diante dessas situações, buscar ajuda é essencial. Após ganhar 13 kg em seis anos, Larissa buscou ajuda de uma endocrinologista que, ao traçar seu diagnóstico, desconfiou que seu problema com o ganho de peso tinha fundo emocional.
– Eu achava que
tudo era normal. Não me dava conta de que descontava a minha ansiedade
excessiva na comida e por isso engordava. Durante as consultas com a minha
endócrino, relatei alguns sintomas e ela sinalizou que eu poderia estar com
transtorno de ansiedade. Depois disso procurei terapia, que já faço há três
meses, e sinto uma mudança enorme na minha vida. Minhas relações sociais e
familiares melhoraram, assim como o meu humor, e sinto mais facilidade em
compartilhar minhas angústias e problemas – explica Larissa.
Enfermeira do
Núcleo de Atenção à Saúde da Unimed Alto Vale, Luana Vieira fala sobre como
projetos como o Espaço Viver Bem, desenvolvido na cooperativa que será
inaugurado em breve, ajuda pessoas na mesma situação de Jéssica.
– Dentro desse
contexto, programas como o Espaço Viver Bem tem muito a contribuir. O Núcleo de
Atenção à Saúde é um setor da Unimed Alto Vale que promove programas de
prevenção e promoção à saúde dos beneficiários. Temos uma equipe multidisciplinar
que trabalha com atividades práticas para desenvolver a habilidade no controle
da ansiedade e na prevenção da depressão. Recentemente inauguramos a academia
no Espaço Viver Bem, que é utilizada por crianças, adolescentes, adultos e
idosos – conta.
Segundo a
profissional, programas como este abrangem todos os aspectos que podem impactar
na qualidade de vida do indivíduo.
– Haverá projetos
voltados à reeducação alimentar para crianças e adultos, acompanhamento ao
hipertenso e diabético, práticas de promoção de qualidade de vida,
gerenciamento da ansiedade e acompanhamentos oncológico, funcional e cognitivo
– explica.
Identificando a ansiedade
De acordo com a
psicóloga Janara, ainda não há exames específicos que detectem o transtorno de
ansiedade.
– A pessoa que pode
estar sofrendo o transtorno de ansiedade deve procurar um médico psiquiatra ou
psicólogo. O diagnóstico da ansiedade patológica é feito através de entrevistas
e a partir da observação de sintomas físicos que podem caracterizar o quadro –
relata.
Para a
especialista, derrubar o tabu de que a ansiedade é uma frescura ou uma
fraqueza, contribui para diagnósticos precisos, possibilitam a cura e
interrompem longos processos que causam dor.
– Infelizmente
existe uma falsa crença de que o transtorno de ansiedade e a depressão, doenças
diferentes, mas que podem coexistir na mesma pessoa, são sinais de incapacidade
diante da vida. Não são. São doenças que podem atingir qualquer pessoa em
qualquer fase da vida – finaliza Janara.
A psicóloga Janara
Vanderlinde sugere recomendações que podem ser eficazes no combate à doença.
Psicoterapia
É um processo
focado em ajudar o indivíduo, casais ou grupos de pessoas a resolver questões
emocionais. Através da psicoterapia, é possível aprender maneiras mais construtivas
de lidar com a ansiedade.
Mindfulness
Esta prática
meditativa acalma a mente e relaxa o corpo. Com a constância da prática, a
pessoa percebe que a intensidade de sua ansiedade diminui consideravelmente. A
prática está ligada profundamente aos pensamentos, à respiração, a um barulho,
a uma dor.
Atividade
física
Escolha uma
atividade que traga prazer, que você realmente goste. E pratique com
regularidade.
Ajuda
médica
A ajuda de um
médico é indispensável nessas ocasiões. Faça uma consulta e siga todas as
instruções.
Medicação
Se houver
prescrição de medicamento, tome corretamente, cumprindo os horários e as
dosagens estabelecidas pelo médico.
Alimentação
Informe-se sobre
alimentos que podem ajudar a diminuir a ansiedade. Eles podem ser incluídos na
dieta diária mediante prescrição.
Fonte: G1
por Federação Unimed SC
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