Inteligência Espiritual
O que é inteligência espiritual? É uma
terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais
amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente
espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais
rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal. O
QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que
nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e
valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele
que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas
ações.De que modo essas pesquisas confirmam suas ideias sobre a terceira
inteligência? Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus"
no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e
valores para nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo que
influencia a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um
tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional,
lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite
realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de
padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um
terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e
revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os
tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência
espiritual. Qual a diferença entre QE e QS? É o poder transformador. A
inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me
comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência
espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular.
Implica trabalhar com os limites da situação. Daniel Goleman, o teórico do
Quociente Emocional, fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O
quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas
como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso. A espiritualidade
sempre esteve presente na história da humanidade. Dana Zohar identificou dez
qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas
pessoas:
1. Praticam e estimulam o autoconhecimento
profundo
2. São levadas por valores. São idealistas
3. Têm capacidade de encarar e utilizar a
adversidade
4. São holísticas (adj. Relativo a holismo,
que busca tudo abranger, que é totalizante )
5. Celebram a diversidade
6. Têm independência
7. Perguntam sempre "por que?"
8. Têm capacidade de colocar as coisas num
contexto mais amplo
9.Têm espontaneidade
10. Têm compaixão
Os 12 princípios da Inteligência Espiritual
Danah Zohar. Formada pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology, dá aulas
sobre liderança em Oxford, na Inglaterra, e escreve livros sobre física
quântica – alguns já publicados no Brasil (clique aqui para vê-los). Deu uma
“aula” estimulante não sobre ecologia, mas sobre inteligência espiritual – tão
necessária para que a as ações pelo meio ambiente encontrem eco em toda a
sociedade. “Inteligência espiritual tem a ver com o que eu sou, com os meus
valores”, lembra a pensadora, que avisa: precisamos alimentar essa inteligência
para motivar a cooperação – entre a família, a comunidade, os países. Só assim
vamos encontrar soluções positivas para o planeta, e nos encontrar nessa busca
também.Acompanhe o que Danah expôs sobre os princípios da inteligência
espiritual – e motive-se!
1.Tenha pensamentos positivos, sempre. Não
pense como vítima das circunstâncias, pense que sofrer é uma oportunidade de
ser forte. “A crise econômica atual” é uma oportunidade de pensar nossos
valores”, lembra Danah.
2. Descubra quem você é. O que me faz levantar
de manhã? Para que eu vivo, por o que daria minha vida? O que me motiva para
fazer coisas todos os dias? Quem eu sou realmente? Comprar, trabalhar, sair com
os amigos faz parte de nosso universo, mas o “ser” é mais do que isso. Quando
eu digo “minha vida é minha oração”, significa saber que minha vida é um
presente de Deus e que precisamos fazer a diferença nesse planeta.
3. Tenha humildade. Precisamos saber que o que
fazemos parte de um sistema, e que precisamos prestar atenção nos outros,
lembrando que existem diversos pontos-de-vista – não o seu, unicamente.
4. Viva a compaixão. A origem dessa palavra
significa “sentir com”. Sentir a dor do outro como se fosse a sua dor. “Eu não
somente cuido dos pobres, eu sou pobre. “O planeta é parte de mim – nascemos
quando o Big Bang surgiu”. Lembre-se sempre: eu sinto que sou você, e que você
sou eu.
5. Reveja seus valores. Precisamos pensar
menos em “eu, mim” e mais em “nós, nossos”. E precisamos rever nossos valores
para servir uns aos outros. Como fazer isso? “Pergunte a você mesmo, qual é o
melhor que você pode dar”, avisa a filósofa.
6. Viva o presente. Tire o peso do passado e
das preocupações – e viva o agora!
7. Estamos conectados, e o jeito que vivo
minha vida afeta a vida do outro. “Se me sinto negativo, espalho essa
negatividade para minhas relações, minha comunidade. Mas se me sinto
esperançosa e que posso fazer melhor, espalho essa atitude para as outras
pessoas”.
8. Responda a uma questão fundamental: sempre
perguntar porquê! Nós nos fechamos a verdade se não questionamos.
9. Mude a sua mente, seus paradigmas, e
coloque seus pontos-de-vista sob uma nova perspectiva. Isso é muito necessário
no meio empresarial, destacou Danah. “Precisamos de uma revolução do pensamento
também nas lideranças e na educação”. Educação significa memorização,
imposição? Ou é ajudar as crianças a fazerem boas perguntas? A mídia também
precisa rever o seu papel e ajudar as pessoas a formarem consciência crítica.
10. Valorize seus princípios, mesmo que sejam
impopulares. Entretanto, não seja arrogante de que está certo, mas
questione-se. Escute os outros, mas veja o que você quer acreditar, para o que
você quer lutar.
11. Celebre a diversidade. Isso não significa
numa empresa, por exemplo, colocar uma mulher ou negro num cargo alto, mas
construir um pensamento do que significa a diferença para você, e o que ela tem
a te ensinar. Dizer “obrigada por ser diferente, por me fazer questionar a mim
mesmo”.
12. Descubra a sua vocação, o seu propósito de
vida e em como você pode fazer a a diferença. “Você não precisa ser o Gandhi ou
o Barack Obama. Cozinhar um bolo pra sua família, um pai que vai brincar com
seu filho, dando o seu melhor, é uma maneira de servir a humanidade com o
melhor que temos”.
Para terminar, um recado aos educomunicadores
e educadores em geral: “eu chamo a todos para a revolução não-violenta, onde as
novas tecnologias podem mudar o mundo, sim, e que é preciso acreditar que você
pode fazer a diferença”.
Para desenvolver o QS é preciso assumir a
responsabilidade sobre a própria vida e transcender os obstáculos e a dor.
Segundo os autores do QS a pessoa
espiritualmente inteligente apresenta como sinais:
A prática do auto-conhecimento profundo, são
levadas por valores idealistas, têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade,
são holísticas, celebram a diversidade, têm independência, perguntam sempre por
quê, têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo,têm
espontaneidade e têm compaixão e capacidade de seguir as próprias idéias e ir
contra as convenções.
O QS é a fundação necessária para o
funcionamento eficiente do QI e do QE. É a nossa inteligência final. É com ela
que podemos colocar nossos atos e nossa vida em um contexto mais amplo e com a
qual avaliamos se uma ação faz mais sentido do que outra. É esse poder
transformador que diferencia o QS do QE, por exemplo. A sociedade mundial corre
o risco de destruir a espécie por um ato desesperado de tentar encontrar a paz,
mas enquanto não buscar respostas dentro de si mesma não terá perspectivas de
um mundo onde se possa viver com respeito e com verdade. Quanto mais nos
conhecemos, mais desenvolvemos nossa Inteligência Espiritual e este avanço
poderá evitar maiores desentendimentos, novas crises e desequilíbrios
destrutivos provenientes de um nível de QS inferior onde prevalece o
preconceito religioso, racial, sexual, contra o diferente, os deficientes,
etc.; a excessiva valorização da aparência, a busca pelo poder, etc., que são
incentivados pelo pensamento neoliberal. O QS retorna ao início da história da humanidade
quando o homem começou os questionamentos sobre a vida, sobre o mundo e sobre
si mesmo, mas não avançou nesta busca.
O século XXI impõe a nós esse desafio: adotar
uma nova atitude diante da vida e de nós mesmos. Questionamento é base da
inteligência espiritual. Equilíbrio.
In: Folha deSão Paulo. Out. 2001.ZOHAR, Danah; MARSHAL, Ian. QS
- Inteligência espiritual: o “Q” que faz a diferença . Rio de Janeiro: Record,
2000.
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