sábado, 11 de abril de 2020


DESEMPREGO NO MUNDO

Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Brasil conta hoje com quase 12 milhões de desempregados. Cerca de 38 milhões de pessoas estão na informalidade.

Especialistas mais pessimistas afirmam que, a depender da duração da pandemia do novo coronavírus, o Brasil poderá contabilizar mais 8 milhões de desempregados, elevando o total a 20 milhões, um caos para a economia.


Essa projeção dramática leva em conta estimativas feitas por entidades ligadas ao comércio, que preveem demissão de até 5 milhões de pessoas no setor, devido ao fechamento de bares, restaurantes e hotéis, entre outros tipos de negócios.
Outros 3 milhões devem vir dos demais setores afetados pela crise, sendo parte da indústria, que costuma segurar muito as demissões pelo alto custo das dispensas e pelo risco de perder profissionais mais capacitados.

É um quadro assustador, pois explicita a fragilidade do país ante a chegada de um inimigo invisível, cujo potencial de estrago ninguém consegue medir com efetivo grau de segurança.

PIB cairá 10% no segundo trimestre

O certo, segundo economistas, é que o Brasil, como o resto do mundo, contratou uma brutal recessão. Há bancos prevendo que, somente entre abril e junho — período mais dramático da Covid-19, na visão do Ministério da Saúde —, o Produto Interno Bruto (PIB) cairá pelo menos 10%, tamanha a paralisia da atividade.

No pior momento do mercado de trabalho, entre 2016 e 2017, o Brasil chegou a contabilizar mais de 14 milhões de desempregados. À medida que o país foi saindo da recessão, esse contingente foi diminuindo, mas muito lentamente.

O problema é que, até a chegada do novo coronavírus, o PIB vinha crescendo por volta de 1% ao ano. É muito pouco para as necessidades do país, que vê as desigualdades sociais se acentuarem.

Depressão econômica

O tombo do PIB neste ano — pelas projeções da economista Monica de Bolle, professora da Johns Hopkins University, nos Estados Unidos, pode variar entre 5% e 6% — será um sinal claro de que o Brasil mergulhou na depressão econômica.

Desde 2014, o Brasil vem se debatendo para sair do atoleiro. Mergulhou numa severa recessão entre 2015 e 2016, voltou a crescer, mas muito pouco, entre 2017 e 2019, e, agora, está sendo atropelado pelo coronavírus.

Dependendo do tamanho da queda do PIB neste ano e do desemprego, a recuperação será muito lenta, comprometendo 2021 e 2022, pois uma das principais alavancas do PIB, o consumo das famílias, estará prejudicado.

Não por acaso, especialistas afirmam que o governo precisa ter foco. Se não correr contra o tempo, adotando medidas efetivas, sem politicagem, verá o pior quadro projetado para a economia se confirmar. Certamente, não é o que ninguém deseja em sã consciência.

"A crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus pode levar mais de 500 milhões de pessoas para a pobreza, a menos que ações urgentes sejam tomadas para ajudar países em desenvolvimento. O alerta é da Oxfam, entidade da sociedade civil que atua em cerca de 90 países com campanhas, programas e ajuda humanitária.
A organização pede que os líderes mundiais aprovem um plano emergencial de resgate econômico para impedir que países e comunidades pobres afundem. Para a Oxfam, isso pode acontecer já na próxima semana, quando está prevista reunião entre ministros de Economia dos países do G20 (o grupo dos 20 países mais desenvolvidos), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com a entidade, os US$ 2,5 trilhões que as Nações Unidas estimam ser necessários para apoiar os países em desenvolvimento durante a crise do coronavírus vai requerer um adicional de US$ 500 bilhões em ajuda externa, incluindo o financiamento dos sistemas públicos de saúde dos países pobres. “Impostos emergenciais de solidariedade, como taxas sobre lucros excessivos e pessoas muito ricas, poderiam mobilizar recursos adicionais”, avalia a Oxfam, em nota.
Para a entidade, apesar de urgentes e necessárias, as medidas de distanciamento social e de restrição do funcionamento das cidades agravam a situação dos trabalhadores, com demissões, suspensão de pagamento de salários ou inviabilidade do trabalho informal.
O novo relatório da Oxfam, "Dignidade, não Indigência", mostra que entre 6% e 8% da população global, cerca de 500 milhões de pessoas, poderão entrar na pobreza conforme os governos fecham suas economias para impedir que o coronavírus se espalhe em seus países. “Isso pode representar um retrocesso de uma década na luta contra a pobreza. Em algumas regiões, como a África subsaariana, o norte da África e Oriente Médio, essa luta pode retroceder em até 30 anos. Mais da metade da população global poderão estar na pobreza depois da pandemia”, destacou a entidade.
O relatório, publicado ontem (9), utiliza estimativas elaboradas pelo Instituto Mundial para a Pesquisa de Desenvolvimento Econômico, da Universidade das Nações Unidas, liderada por pesquisadores do King's College de Londres e da Universidade Nacional da Austrália.
Para a Oxfam, as desigualdades já existentes evidenciam o impacto econômico da crise do coronavírus. “Como os trabalhadores mais pobres, tanto nas nações ricas quanto nas pobres, atuam mais no mercado informal, eles estão descobertos de diversas formas. Eles, por exemplo, não têm proteções trabalhistas e nem conseguem trabalhar de casa”, diz a entidade.
Globalmente, apenas um em cada cinco desempregados tem acesso a benefícios como seguro-desemprego. Dois bilhões de pessoas trabalham no setor informal pelo mundo - 90% nos países pobres e apenas 18% nos países ricos.

Situação no Brasil

No Brasil, para a Oxfam, a situação é ainda mais preocupante devido às moradias precárias, à falta de saneamento básico e de água e aos desafios no acesso a serviços essenciais para os mais pobres. O Brasil tem cerca de 40 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e cerca de 12 milhões de desempregados. 
“O coronavírus coloca o Brasil diante de uma dura e cruel realidade, ao combinar os piores indicadores sociais em um mesmo local e na mesma hora. E é neste momento que o Estado tem papel fundamental para reduzir esse impacto e cumprir sua responsabilidade constitucional tanto na redução da pobreza e das desigualdades quanto na garantia à vida da população”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, em comunicado.
Para a entidade, a renda básica emergencial de R$ 600, por três meses, para trabalhadores informais não será suficiente para amenizar o impacto, e o governo deverá, entre outras medidas, ampliar o número de pessoas atendidas e estender o período de concessão.

Mulheres

De acordo com a Oxfam, as mulheres precisam de atenção especial, pois estão na linha de frente do combate ao coronavírus e sofrerão o impacto mais pesado da crise econômica. “As mulheres representam 70% da força de trabalho em saúde pelo mundo e fazem 75% do trabalho de cuidado não remunerado, atendendo a crianças, doentes e idosos. As mulheres também são maioria nos empregos mais precários”, diz a entidade.
“Os governos precisam aprender as lições da crise financeira de 2008, quando a ajuda a bancos e corporações foi paga pelas pessoas comuns. Elas perderam seus empregos, tiveram seus salários achatados e serviços essenciais, como os de saúde, sofreram profundos cortes de financiamento”, destaca Katia Maia. “Os pacotes econômicos de estímulo têm que apoiar trabalhadores e pequenos negócios. A ajuda a grandes corporações tem que estar condicionadas a ações para a construção de economias mais justas e sustentáveis”, completou".
O relatório completo, em inglês, está disponível no site da Oxfam.
Edição: Graça Adjuto

As consequências econômicas do coronavírus podem empurrar até 500 milhões de pessoas para a pobreza. O alerta consta de um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o custo financeiro e humano da pandemia.... 

Por causa da crise, diz a pesquisa, o nível de pobreza em países em desenvolvimento poderia voltar a um patamar de 30 anos atrás. Os pesquisadores usaram dados do Banco Mundial para medir os efeitos da redução dos gastos nas economias do mundo em três níveis de pobreza - U$ 1,90 (R$ 9,75), U$ 3,20 (R$ 16,40) e U$ 5,50 (R$ 28,18) por dia. As previsões pessimistas ocorrem uma semana antes de encontros do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e ministros de finanças do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). Redes de segurança O estudo foi escrito por especialistas da King's College London, no Reino Unido, e da Australian National University (ANU), na Austrália.

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