quinta-feira, 5 de setembro de 2013






Mecanismos de Defesa do Ego

"Num artigo publicado em 1894 intitulado “Les Psychoneuroses de defense”, e posteriormente noutros artigos, Freud utiliza pela primeira vez o termo defesa para designar todos os processos de que o ego se serve nos conflitos susceptíveis de conduzirem a uma neurose.

Os mecanismos de defesa do ego são estratégias inconscientes que a pessoa usa para tentar reduzir a tensão e ansiedade, fruto dos conflitos entre o id, ego e o superego que visam evitar ou reduzir a angústia, resultante dos conflitos intrapsíquicos.

Deste modo, Os mecanismo de defesa do Ego, são formas de resolução ilusória, pois, não resolvem o problema, apenas o disfarçam, sendo em grande parte inconscientes, os conflitos intrapsiquicos permitem ao Ego lidar com sentimentos desconfortáveis devidos à ansiedade e à tensão.

Segundo Freud, a nossa vida psíquica desenrola-se sob o signo do conflito, isto é, entre a necessidade de satisfação do Id e os impedimentos e proibições que emanam na sociedade e são interiorizadas pelo Superego. Este conflito é geralmente e sempre que possível resolvido pelo Ego, que agindo segundo o principio da realidade, procura conciliar forças pulsionais opostas e moderar o conflito.

O Ego desencadeia mecanismos de defesa quando ocorre a ansiedade, ou seja, o Id e o Superego emanam mensagens extremamente opostas. Esses mecanismos visam reduzir a ansiedade intrapsiquica e actuando principalmente de forma inconsciente protegem o individuo da angustia, não o fazendo tomar consciência do conflito.

Mecanismos de defesa do ego:

.Recalcamento – pelo recalcamento, o sujeito envia para o Id as pulsões, desejos e sentimentos que não pode admitir no seu ego. Os conteúdos recalcados, apesar de inconscientes, continuam actuantes e tendem a reaparecer de forma disfarçada (sonhos, actos falhados, lapsos, etc.).

.Regressão – o sujeito adopta modos de pensar, atitudes e comportamentos característicos de uma fase de desenvolvimento anterior. Face a uma frustração ou incapacidade de resolver problemas, a criança ou o adulto regridem, procurando a protecção de épocas passadas. Assim, o nascimento de um irmão pode levar uma criança a urinar na cama (enurese) ou um adulto, face a problemas, pode fugir à realidade refugiando-se em atitudes infantis (dependência excessiva, choro, chantagem, etc.)

.Racionalização – por este mecanismo, o sujeito, ocultando a si próprio e aos outros as verdadeiras razões, justifica racionalmente o seu comportamento, retirando assim os aspectos emocionais de uma situação geradora de angústia e de stresse. Deste modo, com justificações racionais tenta explicar-se de uma forma “aceitável” porque se bateu num irmão, se faltou a um exame médico, se mentiu ao marido ou à mulher, etc.

.Projecção – o sujeito atribui a outros (sociedade, a pessoas, a objectos) desejos, ideias, características que não consegue admitir em si próprio. São reflexos deste processo frases como: “fulano detesta-me; aquele indivíduo não suporta críticas; a sociedade não tem ideias solidárias; a boneca é má”, quando é a própria pessoa que as profere que tem esses sentimentos.

.Deslocamento – o sujeito transfere pulsões e emoções do seu objecto natural, mas “perigoso”, para um objecto substitutivo, mudando assim o objecto que satisfaz a pulsão. Por exemplo, o funcionário que sofre conflitos no emprego e é agressivo ao chegar a casa; a criança que desloca a cólera sentida pelos pais para a boneca.

.Formação reactiva ou compensação – o sujeito “resolve” o conflito entre os valores e as tendências consideradas inaceitáveis, apresentando comportamentos opostos às pulsões. Assim, uma pessoa pode ser demasiado amável e atenta com alguém que odeia; um sujeito afasta-se de quem gosta; manifesta uma excessiva caridade para esconder um sadismo latente; uma pessoa submissa e dócil pode esconder um domínio violento.

.Sublimação – o sujeito substitui o fim ou o objecto das pulsões de modo que estas se possam manifestar em modalidades socialmente aceites. A eficácia do processo de sublimação implica que o objecto de substituição satisfaça o sujeito de forma real ou simbólica. Frequentemente, a sublimação faz-se através de substituições com valor moral e social elevado. Por exemplo, o pirómano pode ingressar num corpo de bombeiros, modificando as suas relações com o fogo, agora utilizadas de forma socialmente reconhecida. A arte tem sido perspectivada como uma área que permite sublimações".
 

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