Veículo: G1
Autor: Karina Trevizan
Tipo: Matéria
Data: 28/12/2015 01:12
Assunto: SECRETARIA DA CASA CIVIL DE
PERNAMBUCO
O que esperar para a economia em
2016?
Economistas ouvidos pelo G1 acreditam que Brasil
deve ter outro ano difícil.Incertezas devem seguir pressionando a economia,
dizem especialistas. Depois de um ano muito movimentado, em que o Brasil se viu
em meio a crise econômica e política, a expectativa para 2016 é de mais
dificuldades em meio a muitas incertezas, de acordo com economistas ouvidos pelo
G1. Veja abaixo a avaliação de especialistas sobre os principais pontos da
economia para 2016.
Crescimento do PIB
Especialistas afirmam que 2016 começa envolto de
incertezas políticas e econômicas, tornando muito difícil fazer estimativas
sobre o crescimento da economia no ano. No final de novembro, o governo piorou
sua expectativa em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em
2016, prevendo um encolhimento de 1,9% da economia no ano - contra 1% de queda
na estimativa anterior. A previsão do FMI é de queda de 1%, enquanto o mercado
financeiro espera queda de 2,8%.
O professor Tharcisio Souza Santos, das Faculdades
de Economia e de Administração da FAAP, afirma que tudo depende de o governo
federal recuperar a governabilidade . Não se trata de dizer que a culpa é de A,
B ou C", diz. O governo conseguiu uma coisa fantástica que é ficar completamente
desacreditado no cenário político, sem o mínimo de governabilidade. [...] Não
custa nada lembrar: nós temos um regime presidencialista parlamentar. Precisamos
de presidente que consiga se entender adequadamente com o
parlamento.
Se a crise política for solucionada, segundo
Santos, o cenário se torna menos pessimista para a economia, mas ainda assim o
ano vai ser muito difícil . Nesse cenário, o PIB deve decrescer alguma coisa
como 1,5% , afirma, estimando que vamos ter então um ano de recuperação em 2017
e, em 2018, as coisas ficam bastante melhores, com crescimento ao redor de 2,5%
.
O professor Judas Tadeu Grassi Mendes, da EBS
Business School, aponta que o PIB deve recuar entre 2% e 2,5% em 2016. O próprio
governo já disse que é queda de 1,9%. Quando o governo diz que é 1,9%, esqueça,
vai vir queda maior , afirma ele, apontando contudo que 2016 pode ter um
crescimento negativo um pouco menor que em 2015, e talvez essa seja a notícia
boa .
Já o Pedro Rossi, Professor da Unicamp e diretor do
Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica, diz esperar uma recessão
mais branda, até porque a base de 2015 é muito baixa . Adoraria dizer que a
gente vai crescer zero, ou seja, não vai ter um crescimento nem negativo nem
positivo. Mas essa suposição está envolta por muita incerteza.
Inflação
O ano de 2015 foi marcado por forte pressão dos
preços no Brasil. A inflação oficial bateu os maiores patamares em vários
anos.
Para 2015 e 2016, a
meta central de inflação é de 4,5%, mas o IPCA, que serve de referência, pode
oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O governo
prevê que a inflação fique em 6,47% em 2016. A previsão do FMI é de 6,3%. Já o
mercado espera um IPCA de 6,87%.
O professor Rossi não espera uma inflação tão alta
em 2016 como foi em 2015. A inflação neste ano em particular está alta por conta
das próprias escolhas do governo, que optou por um choque de preços
administrados, quando muitos preferiam um ajuste gradual. Essa inflação que está
excessivamente decorre desse choque, que tem um poder de difusão alto , explica.
A gente vai ter algum resquício dessa inflação no ano que vem, mas ela deve se
dissipar nos próximos anos.
Santos também espera inflação mais perto da meta
que a de 2015, em torno de 6,5% a 7%, porém considerando que a crise política
seja atenuada e alivie assim a pressão sobre os fatores econômicos. Já Mendes
espera que a inflação siga pressionada. A inflação na melhor das hipóteses no
ano que vem vai ser o dobro da meta dos 4,5% , diz.
Juros
Na ata da última reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central, que decidiu pela manutenção da taxa básica
de juros, a Selic, em 14,25%, foi sugerido que a taxa de juros pode voltar a
subir. Rossi acredita
que isso de fato deva ocorrer em 2016, embora avalie que não seja a decisão mais
acertada. "O BC continua com ideias extremamente conservadoras e tomando
decisões com base em diagnósticos errados. A inflação brasileira não é de
demanda , diz.
O aumento da taxa de juros não vai combater a
inflação. Pode provocar recessão e desemprego, mas não vai resolver a inflação,
porque a inflação é um problema de choque de preços administrados - o que a taxa
de juros não afeta. É um problema de oferta, de custos. Não adianta reduzir a
taxa de juros." Mendes concorda. "Quando nós
subimos a Selic de 2013 até agora em 7 pontos percentuais, de 7,25% para 14,25%,
a pretexto de combater a inflação, o que aconteceu? A inflação subiu. Ninguém
está consumindo. Se o consumo está caindo e a inflação ainda está alta, não é de
demanda, é de custo, de oferta."
Ajuste fiscal e contas do
governo
Em meados de 2015, o governo anunciou um pacote de
R$ 64,9 bilhões para aliviar as contas públicas. Porém, com Joaquim Levy à
frente do Ministério da Fazenda, o governo teve dificuldades para aprovar
medidas de corte de gastos públicos e aumento de impostos no
Congresso.
Após a troca do comando
do Ministério, que passou ao comando de Nelson Barbosa, a relação entre o
governo e o Congresso continuará como ponto central para o ajuste fiscal.
Economistas ouvidos pelo G1acreditam que a troca de ministros não alivia essas
dificuldades.
"O que adianta uma
pessoa bem intencionada e bem preparada se não tem apoio nenhum ao presidente? O
que adianta um governo que a presidente da República e o seu staff mais próximo
não conseguem fazer coisa nenhuma com o Congresso?", questiona
Santos.
Rossi acredita que o ajuste fiscal foi a principal
preocupação em 2015, e e em meio a essa preocupação a gente viu a economia
descambar . Ele afirma que se o ajuste continuar sendo o plano central para
recuperar a economia em 2016, a recessão será aprofundada. O ajuste fiscal
ocorreu, e foi muito forte. O gasto público passou de uma taxa de crescimento de
4% a 5% para 2% do PIB. Houve tem uma redução grande do crescimento do gasto
público. O gasto com investimento público caiu em torno de 40% ,
diz.
Evidentemente a arrecadação caiu muito porque o
crescimento caiu. Essa história de que o ajuste fiscal gera crescimento só
existe em modelos hipotéticos e não se configura como verdade. O que gera
crescimento são expectativas de renda. O empresário só vai investir se tiver
renda no futuro, ele vê demanda, ele não vai investir porque o governo fez o
ajuste fiscal. Câmbio
Os economistas esperam volatilidade no câmbio em
virtude da estabilidade política, mas não apontam possibilidade de o dólar
voltar a patamares mais baixos. O câmbio vai continuar
extremamente volátil para cima e para baixo. Se a gente chegar a um equilíbrio
econômico, tende dar uma equilibrada num patamar um pouco abaixo do que estamos
hoje. Porém, quanto mais tempo demorar para isso acontecer, menor vai ser a
redução entre a taxa que estiver vigorando e a taxa que vai vigorar depois do
equilíbrio - ou seja, o dólar vai cair menos , explica Santos. Eu não espero
nenhum absurdo de subida a não ser que aconteça uma desgraça
completa.
Rossi cita ainda como fator que tende a deixar o
câmbio volátil em 2016 o cenário internacional, com o mercado de olho no ritmo
do aperto monetário nos Estados Unidos após a primeira subida da taxa de juros
em quase uma década. A situação internacional não se definiu, a política
americana ainda não está claramente definida nos seus objetivos , diz. A
incerteza com relação a esse movimento de juros internacional provavelmente vai
ditar uma volatilidade grande na taxa de câmbio.
Mendes afirma que o dólar não subiu muito em 2015,
e sim voltou ao equilíbrio . O câmbio de 2015 apenas corrigiu a inflação de 1994
até agora, a inflação dos Estados Unidos menos a do Brasil.
Cenário externo
O ano de 2015 foi marcado por preocupações com a
desaceleração da economia chinesa e com a recuperação da Europa e dos Estados
Unidos, além da queda do preço das commodities nos mercados internacionais. Para
os economistas, essas questões devem permanecer sob as atenções em
2016.
A China tem uma notícia um pouquinho melhor porque
parece que vai deixar de andar pra trás. Se não é uma maravilha de crescimento
em termos de números fantásticos como tinham antes, pelo menos não é tão ruim
como vinha sendo , avalia Santos. Mas eu acho que a situação de commodities em
geral é ruim e alguém vai ter que dar uma reduzida na oferta para conseguir
subir o preço. O minério de ferro, negócio da Vale, está muito feio. Para
alimentos o Brasil tem condições de competir por conta da produtividade, mas na
realidade não é um cenário como foi de 2003 a 2007.
Já Rossi menciona resquícios da crise de 2008 na
economia internacional, com eleitos para o Brasil. A gente ainda vive uma crise
mal resolvida, a grande crise financeira de 2008 se arrasta ao longo dos anos. A
gente ainda continua com ajustamento das economias centrais e com e
redirecionamento da economia chinesa por conta dessa crise
internacional,
Portanto, eu não sou otimista com relação a uma
saída exportadora, que o Brasil volte a crescer por conta das exportações com a
taxa de câmbio desvalorizada. Essa saída é muito improvável porque a economia
internacional continua andando de lado, com muita dificuldade , diz Rossi.
Mendes discorda que
dificuldades internacionais estejam puxando a recessão do Brasil de forma
relevante. O mundo não é o problema do Brasil. É o Brasil que está puxando a
América Latina para baixo. Nós é que estamos encolhendo , afirma o
economista.
Os EUA estão crescendo acima de 3% e gerando novos
empregos todo mês. Da própria Europa já está se falando menos. A China parou de
crescer a 10 ou 11%, agora vai crescendo próximo de 7%, por isso a demanda dela
por commodities vai ser menor e os preços estão caindo. Mas o Brasil, nos
últimos 35 anos, só em 2 cresceu 7%. Ou seja, o mínimo da China é o máximo
nosso. O problema é que aqui dentro."
O ESTADO DE
S. PAULO - SP
Veículo: O ESTADO DE S. PAULO -
SP
Editoria: POLÍTICA
Autor: Murilo Rodrigues Alves
BRASÍLIA
Tipo: Matéria
Data: 28/12/2015
Assunto: SECRETARIA DA FAZENDA, ASSUNTOS DE
INTERESSE, SECRETARIA DA CASA CIVIL DE PERNAMBUCO
Governadores querem agenda comum com a União
contra a crise econômica
Federação. Chefes dos Executivos estaduais discutem
hoje em Brasília a adoção de uma pauta conjunta para a retomada dos
investimentos e do debate sobre o pagamento das dívidas dos Estados; Pedro
Taques, do Mato Grosso, propõe moratória de três anos Com dificuldades para enfrentar a
frustração de receitas diante da crise econômica, governadores se reúnem hoje em
Brasília para discutir a elaboração de uma agenda de propostas visando a melhora
do ambiente econômico do País. O documento será entregue ao ministro da Fazenda,
Nelson Barbosa.
O encontro dos chefes dos Executivos estaduais para
discutir a conjuntura política e econômica foi articulado pelo governador do
Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). Até ontem haviam confirmado presença
governadores, que fazem oposição ao governo federal - entre eles, os tucanos
Geraldo Alckmin (São Paulo) e Marconi Perillo (Goiás) - quanto fiéis aliados de
Dilma Rousseff, como o petista Fernando Pimentel (Minas Gerais) e o peemedebista
Luiz Fernando Pezão (Rio de Janeiro).
"Vivemos a mesma realidade e enfrentamos problemas
comuns", afirmou Rollemberg, que citou, como exemplos, a questão do
financiamento a investimentos, a geração de empregos e o pagamento das dívidas
com a União. O objetivo dos governadores, segundo Rollemberg, é também
estabelecer uma atuação conjunta para monitorar as votações no
Congresso.
Os governos estaduais já discutiam em conjunto
alternativas para enfrentar a crise fiscal, mas querem afinar o discurso para
entregar uma pauta pós-ajuste, com enfoque em medidas para estimular o
crescimento econômico. Contam com a adesão de Barbosa a uma agenda mais
desenvolvimentista. O encontro dos governadores está marcado para o
meio-dia.
Assim como a equipe econômica da presidente Dilma
Rousseff, os Estados também precisaram recorrer a "remédios amargos" - termo
usado pela presidente para definir o aumento de impostos e corte de
investimentos e de benefícios sociais - para fecha as contas em
2015.
LRF. De acordo com o último relatório de gestão
fiscal dos Estados - elaborado em setembro pelo Tesouro Nacional e com dados
consolidados até agosto deste ano -, a parcela da receita que os governos
estaduais gastam com o pagamento de servidores está no nível mais alto nos 15
anos de vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal. O recorde ocorreu
principalmente por causa da queda de arrecadação provocada pela retração da
economia.
Nos 12 meses encerrados em agosto deste ano, os
governos de 26 Estados e o Distrito Federal gastaram, em média, 46,75% de sua
receita corrente líquida com a folha de pessoal. Em agosto do ano passado esse
indicador estava em 44,75%. O patamar de 45% não era superado desde 2000, ano em
que a LRF entrou em vigor.
O impacto da retração da economia nas contas
estaduais é generalizado. Conforme os dados mais atualizados do Banco Central, a
recessão foi maior nas regiões Sul e Norte, como consequência, principalmente do
desempenho negativo das vendas do comércio e da produção
industrial. Moratória. Um dos pontos que os
governadores querem tratar com Barbosa não deve ser bem recebido pelo ministro:
um afrouxamento no pagamento da dívida dos Estados com a União. O montante
fechou 2014 em R$ 553,7 bilhões, ante uma receita líquida total de R$ 497,9
bilhões.
No d ia 18, o Consórcio Interestadual do Brasil
Central, que reúne os governadores de Goiás, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal, decidiram propor ao governo federal a
suspensão temporária do pagamento da dívida dos seus Estados, que, em conjunto,
supera R$ 36,5 bilhões. Em 1998, a dívida dessas unidades da Federação era pouco
superior a R$ 4 bilhões. Passados 17 anos, os Estados ainda continuam devendo R$
36,5 bilhões, mesmo tendo pago R$ 23,6 bilhões nesses últimos anos.
"Isso é uma vergonha", afirmou na ocasião o
governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), presidente do consórcio. Ele disse
que vai entregar carta à presidente Dilma manifestando a posição contrária dos
governadores à diminuição dos repasses do Fundo Constitucional do Centro-Oeste.
Governador de Mato
Grosso, Pedro Taques propõe moratória da dívida dos Estados com a União durante
os próximos três anos. "Preciso encontrar dinheiro para janeiro e fevereiro,
quando ocorre uma queda sazonal do ICMS", declarou Taques em Cuiabá, no último
dia 21. Segundo ele, "a moratória é a saída para amenizar os efeitos da crise
econômica que afeta o Brasil e atinge os Estados".
Em sua avaliação, se os
Estados deixam de pagar durante três anos terão como investir e gerar empregos e
renda. Os Estados do chamado Brasil Central querem ganhar adesão de outras
unidades, principalmente Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. / COLABORARAM P.V.,
MARÍLIA ASSUNÇÃO. FÁTIMA LESSA e C.B.T.
Tesouro deu aval a empréstimos
Para reforçar o caixa dos Estados e das
prefeituras, o governo federal autorizou neste mês que essas administrações
negociem empréstimos externos no valor total de até US$ 2,3 bilhões em 2016. O
Tesouro nacional acredita que o incremento desses financiamentos, que têm a
garantia da União, melhorará a situação dos governos regionais a partir de
2017.
Neste ano, o ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
não autorizou novos empréstimos externos porque tinha preocupação com o aumento
do endividamento desses entes federativos. Em 2014, os Estados foram autorizados
a buscar R$ 8,8 bilhões em crédito externo, ante R$ 16,5 bilhões de
2013.
Antes de deixar o cargo, Levy assinou decreto que
regulamentou a mudança na correção das dívidas dos Estados e municípios com a
União, uma reivindicação antiga de prefeitos e governadores. Em vez do modelo
atual (IGP-DI mais 6% a 9% ao ano), as dívidas serão corrigidas pelo índice
oficial de inflação (IPCA) ou pela taxa básica de juros, o que for menor, mais
4% ao ano.
Veículo: FOLHA DE PERNAMBUCO -
PE
Editoria: ECONOMIA
Tipo: Matéria
Data: 28/12/2015
Página: 01
Assunto: SECRETARIA DA FAZENDA
Em valores, a recessão de 2015 custará R$ 240
bilhões ao Brasil
A PREÇOS de hoje, o PIB do País pode cair de R$
6,418 trilhões, em 2014, para R$ 6,188 trilhões neste ano
SÃO PAULO - A recessão de 015 vai custar ao País
cerca de $ 240 bilhões. São bens agrícolas e industriais que deixaram de ser
produzidos e serviços que não foram prestados. Ou seja, uma grande quantidade de
carros, máquinas, calçados, roupas não foi feita, e muitas consultas médicas,
idas o salão de beleza e trocas bancárias não ocorreram. As consequências de uma
queda da produção nessa magnitude são desemprego e menos investimentos. Até
novembro, o desemprego já atingira ,5%, comparado com 4,8% o mesmo período de
2014.
O cálculo do custo da recessão foi feito a pedido
da Folha por Zeina Latif, economista chefe da XP Investimentos, com base na
média prevista hoje pelos analistas de mercado, de uma queda de 3,7% do PIB.
Para calcular o efeito da inflação e trazer o PIB de 2014 a preços atuais, a
economista corrigiu o valor divulgado pelo IBGE (R$ 5,69 trilhões) pelo deflator
do próprio PIB, que foi, na média, de 8% . A preços de hoje, o PIB pode cair de
R$ 6,418 trilhões em 2014 para R$ 6,188 trilhões neste ano. "Na verdade, o
Brasil não tinha toda essa riqueza em 2014. O dinheiro na carteira dos
brasileiros não pagava a gasolina, a energia e os dólares consumidos, porque
estava tudo subsidiado", diz Francisco Pessoa, economista da LCA
Consultores.
Ele atribui a recessão à correção dos preços que
permaneceram congelados em ano eleitoral e ao ajuste fiscal para compensar as
pedaladas fiscais do Governo, que gastou muito mais do que reconheceu. Para
Latif, a recessão de 2015 já estava contratada por todos os erros de POLÍTICA
econômica em 2014, mas não se sabia a intensidade. A economista acredita que a
situação se agravou, porque o Governo não conseguiu fazer o ajuste fiscal e
perdeu o selo de bom pagador das agências de risco. A crise POLÍTICA também
causou insegurança nos investidores. "É como o paciente com câncer que
interrompe a terapia antes da cura e fica ainda mais frágil.
No ano que vem, a situação pode ser ainda pior",
diz Latif. Os analistas já não têm dúvida de que a recessão de 2015 contaminará
2016 e, em média, apostam em queda de 2,8% do PIB - se confirmada, serão mais
uma centena de bilhões de reais perdidos. Latif acredita que a queda de 2016
pode repetir os 4% deste ano, porque há poucas chances de o ajuste fiscal e as
reformas estruturais saírem. Pessoa, da LCA, não acredita que a recessão de 2016
ultrapassará os 3%, porque a maior parte do ajuste de preços administrados foi
feito e porque o dólar desvalorizado vai aumentar as exportações. "Ma tenho que
reconhecer que, no início do ano, não imaginei ta manho desastre",
diz.
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