segunda-feira, 10 de outubro de 2016


TRANSFORMANDO AS RELAÇÕES VICIADAS EM RELAÇÕES ILUMINADAS

Parece que a maioria dos "relacionamentos amorosos" não leva muito tempo para se tornar uma relação de amor e ódio. O amor pode se transformar em agressões furiosas, em sentimentos de hostilidade como num piscar de olhos, em um completo recuo da afeição Isso é visto como normal.
 
Se em seus relacionamentos você vivenciou tanto o "amor" quanto o seu oposto - a agressão, a violência emocional, etc. - então é provável que você esteja confundindo o apego do ego e a dependência com amor. Não se pode amar alguém em um momento e atacar essa pessoa no momento seguinte. O verdadeiro amor não tem oposto. Se o seu "amor" tem oposto, então não é amor, mas uma grande necessidade do ego de obter um sentido mais profundo e mais completo do eu interior, uma necessidade que a outra pessoa preenche temporariamente. É uma forma de substituição que o ego encontrou  e, por um curto período, ela parece ser mesmo a salvação. 
 
Chega então a um momento em que o outro passa a se comportar de um modo que deixa de preencher as nossas necessidades, ou melhor, as necessidades do nosso ego. As sensações de medo, sofrimento e falta, que estavam encobertas pelo relacionamento amoroso voltam a aparecer.
Como acontece com qualquer vício, ficamos muito bem enquanto a droga está disponível, mas chega um momento em que a droga não funciona mais.
 
Quando essas dolorosas sensações  de medo reaparecem, nós as sentimos mais fortes do que antes e passamos a ver o outro como a causa de todas dessas sensações. Isso significa que estamos projetando no outro essas sensações, por isso nós o agredimos com toda a violência que é parte do nosso sofrimento.
 
Essa agressão pode despertar o sofrimento do outro, que é induzido a contra-atacar.Nesse ponto, o ego ainda está, inconscientemente, esperando que a agressão ou a tentativa de manipulação seja suficiente para levar o outro a mudar o comportamento...
 
Todo vício surge de uma recusa insconsciente de encararmos nossos próprios sofrimentos.Todo vício começa no sofrimento e termina nele. É por isso que, passada a euforia inicial, existe tanta infelicidade, tanto sofrimento nos relacionamentos íntimos. Estes não causam o sofrimento e a infelicidade. eles trazem à superfície o sofrimento e a infelicidade que já estão dentro de nós.Todo vício chega a um ponto em que já não funciona mais para nós, e, então, sentimos o sofrimento mais forte do que nunca.
 
Não importa se você está vivendo só ou com alguém, a chave do segredo será sempre esta: estar presente e aumentar a presença concentrando a atenção cada vez mais fundo no Agora.
Por fim à identificação com o sofrimento do corpo é trazer a presença para o sofrimento e, assim, transformá-lo. Pôr fim à identificação com o pensamento é ser o observador silencionso dos próprios pensamentos e atitudes, em especial dos padrões repetitivos gerados pela mente e dos papéis desempenhados pelo ego. O grande elemento catalisador para mudarmos um relacionamento é a completa aceitação do outro do jeito que ele é, sem querermos julgar ou modificar nada. Isso nos leva imediatamente para além do ego. Nesse momento, todos os jogos mentais e toda a dependênciia viciada deixam de existir.Não existem mais vítima nem agressor, acusador nem acusado.
 
Como os seres humanos têm se identificado cada vez mais com a mente, a maioria dos relacionamentos não tem as raízes fincadas no Ser. Por isso se transformam em fonte de sofrimento e passam a ser dominados por problemas e conflitos.

O conhecimento e a aceitação dos fatos trazem também um certo grau de distanciamento deles.

Praticando o Poder do Agora
Eckhart Toller
 

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