Afinal, o que é a inveja?
:: Bel Cesar ::
A inveja é um sentimento
intrigante. Apesar de todos nós o experimentarmos, ninguém gosta de reconhecer
quando o está sentindo. Afinal, é um sentimento controverso: indica que algo
positivo desperta algo negativo.
Vamos imaginar uma conversa entre pessoas que estão jogando papo fora. Do nada, alguém começar a falar das coisas boas que estão lhe acontecendo. Quantos rostos e mentes diferentes surgem naquele momento! Poucos expressam interesse real e se regozijam com sinceridade. A maioria irá sentir inveja, mesmo que não se dê conta...
Alguns expressam sua inveja com brincadeiras de mau gosto. Outros, calados, costumam pensar: Como ele é exibido e gosta de contar vantagem!. Já aqueles que não conseguem conter o ardor da inveja a queimar o seu interior, passam a criticá-lo, com a intenção de depreciar abertamente a sua boa sorte. Há ainda aqueles que passam a dar conselhos para ajudar aquela pessoa de sucesso a garantir o seu triunfo.
O clima pesa, pois não há mais empatia entre as pessoas. Provavelmente, muda-se de assunto. Pois a essa altura da conversa todos estão sofrendo: quem contou sente-se só e arrependido. Quem escutou, agora sente-se incomodado, inquieto e talvez nem saiba porquê. A inveja é destrutiva, tanto para quem a sente quanto para quem a recebe.
Quem já não vivenciou um mal-entendido quando alguém resolveu dar boas notícias!
O senso comum concorda que é melhor se precaver: Inveja traz mau-olhado. Quando estamos vivendo uma situação muito boa é melhor calar.
Olho-gordo é um nome popular para a inveja. Pois quando o invejado toma para si as projeções negativas do invejoso, acaba por concretizá-las. O tema que evoca a inveja é sempre alguma coisa que poderia revelar o que está faltando na personalidade daquele que a sente. É como se o invejoso falasse em voz alta algo que o invejado não gostaria que jamais viesse à tona. Neste sentido, para não se deixar contaminar pelo veneno do invejoso, o invejado deve observar com honestidade sua reação frente ao ataque do invejoso. Se ele estiver livre das questões expostas pelo invejoso, sua clareza de intenção irá protegê-lo do possível ataque do olho-gordo.
Quando somos criticados por avaliações contaminadas pela inveja, podemos nos sentir injustiçados e vulneráveis frente ao ataque externo. Neste momento, é bom lembrar que é praticamente impossível ser compreendido por todos, assim como é inviável agradar a gregos e troianos. O importante é mantermos o foco em nossas metas para não nos contaminarmos pela inveja alheia, pois ela sempre estará presente, de uma forma ou de outra.
A inveja surge do sentimento de que somos incapazes de viver nossos próprios sonhos, de alcançar nossas metas e realizarmo-nos. Por isso, o exemplo daqueles que realizaram algo nos faz lembrar aquilo que não fomos capazes de fazer. No entanto, muitas vezes a sensação de incapacidade, a matriz da inveja, deve-se à escolha inadequada de metas, como desejar algo que não está ao nosso alcance. Em geral, costumamos não valorizar as coisas que já realizamos e assim cultivamos a sensação de desvalia sem nos darmos conta de nosso próprio valor. Neste sentido, a inveja consome o invejoso, porque o faz dar valor apenas ao que está além de seu alcance.
A inveja é um dos sentimentos mais difíceis de serem aceitos pelo ser humano, pois na maioria das vezes é inconsciente. Isto ocorre porque ela se forma muito cedo em nossa vida. A inveja surge nos primeiros meses de vida na relação com quem nos alimenta! Quando queremos mais alimento e não temos, não toleramos a frustração, ficamos com raiva de quem tem o alimento. Com inveja dele, queremos destruí-lo. Como podemos constatar, a inveja é um sentimento primitivo, pouco elaborado. Ela está baseada no sentimento de inferioridade, adquirido pela comparação que se faz com outra pessoa em algum aspecto específico.
Assim como escreve Elisa Cintra em Melanie Klein Estilo e Pensamento (Ed. Escuta): `Quem desdenha quer comprar´, diz o ditado: a inveja é quase sempre detectável na vida cotidiana por esse trabalho de desvalorização do outro, o que também foi narrado pela fábula da raposa e das uvas. Impossibilitada de ter acesso às uvas, a raposa começou a tecer considerações sobre a falta de valor dos frutos, o fato de estarem verdes... A inveja dirigiu-se aos frutos, isto é, à criatividade da árvore, àquilo que ela pode oferecer e criar. A idéia de `frutos´permite que se lembre a inveja da obra do outro, de suas idéias, de seu trabalho e de sua capacidade de criar obras de arte ou científicas. Entretanto, a inveja vai mais longe: além de depreciar os frutos, ela tenta diminuir o prazer da própria situação de gratificação, como na expressão popular `não dar o braço a torcer´, admitir o poder do outro.
As impressões registradas no psiquismo durante os primeiros meses de vida são de grande relevância para o desenvolvimento posterior. Quando a criança não consegue sentir que é capaz de modificar seu ambiente (quem a alimenta), fica com um sentimento "eterno" de impotência: um sentimento profundo de inadequação e insuficiência.
Esta é a base da inveja: supervalorizar os outros (que podem, segundo a fantasia do invejoso, fazer tudo) e esvaziar a si mesmo (que é inferior porque não pode fazer nada). Assim, nasce o desejo de esvaziar o outro para que tudo fique igual e ele não fique só. Segundo o psicanalista Mário Quilici, a inveja dá-se em quatro fases especificas:
1- Primeiramente, o indivíduo olha um objeto, situação ou um traço de alguém que imediatamente admira. Compreende a importância daquele traço para ele. Ou seja, vê, admira e deseja.
2- No momento seguinte, faz uma comparação entre o que o outro tem e o que o indivíduo não tem. Ele toma consciência de uma falta sua porque já discrimina. Aqui o processo cognitivo é importante.
3- Aí se dá o terceiro momento da inveja, que é a percepção - e ao mesmo tempo a vergonha - de uma falta nele do que foi admirado (e valorizado) no outro. Surge aí, também, a constatação de que aquilo que desejou, é impossível de ser obtido por ele.
4- Logo estamos na quarta e última fase: A inveja é disparada pela percepção de uma falta no indivíduo. Essa insuficiência faz com que ataque e conseqüentemente espolie o objeto invejado para fazer desaparecer a diferença que foi percebida.
Numa luta secreta e constante, aquele que se sente insuficiente tenta esconder sua vergonha de ser incapaz. Assim, procurando evitar qualquer situação que o faça sentir mais humilhado, ele ataca antes de ser atacado. Isto é, ele compete sozinho. A competição é um hábito do invejoso, pois ele tem dificuldade de receber ajuda, fazer junto e cooperar.
O invejoso sente tem até mesmo dificuldade de receber presentes, pois ele teme qualquer situação que revele sua auto-imagem de carência e necessidade. Por isso, quando os recebe, procura sempre retribuí-los logo. Muitas vezes, a dificuldade de delegar tarefas também pode estar relacionada à inveja.
A inveja impossibilita o sentimento de gratidão. Isso ocorre porque o invejoso é incapaz de sentir que o outro lhe dá algo de bom grado e sim, o faz por necessidade de humilhar o invejoso.
O Novo Dicionário Aurélio explica: “Inveja é o desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. Um desejo violento de possuir o bem alheio”. Já o Dicionário de Psicologia Dorsch esclarece: “A inveja pertence aos sentimentos intencionais. É uma insatisfação, o aborrecimento com a alegria do outro”. Portanto, aquilo que é invejável é encarado como algo de muito valor.
Se prestarmos atenção às qualidades do objeto, pessoa ou situação pela qual sentimos inveja, poderemos compreender melhor o que nos sentimos incapazes de conquistar. Neste sentido, a inveja é um espelho que revela uma parte de quem somos, onde estamos e para onde queremos ir.
Saber para onde queremos ir é a condição básica para sair da imobilidade. Por isso, se aprendermos a reconhecer os padrões emocionais que sustentam nossa inveja poderemos torná-la um método eficiente para diagnosticar nossas faltas. Desta forma, poderemos transformar a inveja numa força inspiradora de conscientização, no lugar de um sentimento apenas desagradável. Reconhecer para onde queremos ir é em um estímulo para tomarmos uma atitude proativa diante de nossas dificuldades.
Talvez não possamos modificar nada ao nosso redor. Mas se pararmos para aprender com nossos sentimentos negativos, poderemos mudar a nossa atitude mental e atrair o novo para nossa vida. Thomas Moore faz um comentário interessante em seu livro Cuide de sua alma (Ed. Siciliano): “Por um lado, a inveja é o desejo por alguma coisa, e por outro, é uma resistência ante o que o coração realmente quer. Mas inveja, desejo e abnegação trabalham juntos para criar um senso característico de frustração e de obsessão. Apesar de a inveja ter um ar masoquista - a pessoa invejosa acha que é uma vítima de má sorte -, ela também envolve forte vontade na forma de resistência ao destino e ao caráter. Quando invejosa, a pessoa torna cega a sua própria natureza. [...] O verdadeiro problema da inveja não é a capacidade do indivíduo viver bem, é a sua capacidade de não viver bem”.
After all, what is envy?
:: Bel Cesar ::
Envy is an intriguing sense. Although we all experiencing, no one likes to recognize when you are feeling. After all, is a controversial sense: indicates that something positive awakens something negative.
Let's imagine a conversation between people who are playing chat outside. Out of nowhere, someone starts talking about the good things that are happening to him. How many faces and different minds arise at that moment! Few express real interest and rejoice sincerely. Most will be jealous, even if does not realize ...
Some express their envy with pranks. Others, silent, often think: How it is displayed and likes to brag !. Have those who can not bear the heat of jealousy burn the inside, start to criticize him, intending to openly disparage their good fortune. There are still those who are giving advice to help that person to ensure success of his triumph.
The weather weighs, because there is no empathy between people. Probably moved the subject. Because at this point the conversation everyone is suffering: who told feels lonely and sorry. Who listened, now feels uncomfortable, restless and may not even know why. Envy is destructive, both for those who feel as to the recipient.
Who has not experienced a misunderstanding when someone took a good news!
Common sense agrees that it is better to take precautions: Envy brings evil eye. When we are living a very good situation is better shut up.
Eye-fat is a popular name for envy. For when the envied takes on the negative projections of the envious, turns out to realize them. The theme that evokes envy is always something that could reveal what is lacking in the personality of the one who feels. It is as if the envious speak aloud something that envied not want never come to light. In this sense, not being contaminated by envious of the venom, envied must comply with honesty their reaction to the envious attack. If it is free of the issues exposed by the envious, their clarity of intent will protect you from possible eye-fat attack.
When we are criticized for reviews infected with envy, we may feel wronged and vulnerable against external attack. At this point, it is worth remembering that it is virtually impossible to be understood by everyone, as it is impossible to please Greeks and Trojans. The important thing is to stay focused on our goals do not contaminate to the envy of others, for it will always be present in one form or another.
Jealousy arises from the feeling that we are unable to live our own dreams, to achieve our goals and realizarmo us. Therefore, the example of those who have accomplished something reminds us of what we were unable to do. However, often the feeling of failure, the array of envy, is due to the inappropriate choice of targets, if you like something that is not within reach. In general, we usually do not value things that have already done so and cultivate a sense of worthlessness without realizing our own value. In this sense, envy consumes the envious, because it makes you appreciate just what is beyond your reach.
Envy is one of the most difficult feelings to be accepted by the human being, for the most part is unconscious. This is because it is way too early in our lives. Jealousy arises in the first months of life in relation to who feeds us! When we want more food and we do not tolerate frustration, we get angry who have food. Jealous of him, we want to destroy it. As we can see, envy is a primitive feeling, underdeveloped. It is based on the feeling of inferiority, acquired by the comparison that makes another person at some particular point.
As writes Elisa Cintra in Melanie Klein Style and Thought (Ed Listening.): `Who disdains want comprar', the saying goes, jealousy is often detectable in everyday life for this devaluation of work of the other, which was also narrated the fable of the fox and the grapes. Unable to access the grapes, the fox began to comment on the lack of fruit value, the fact that they are green ... Envy addressed the fruit, that is, the creativity of the tree, what it can offer and create. The idea of `frutos'permite to remember the envy of the other work, their ideas, their work and their ability to create works of art or scientific. However, envy goes further: in addition to depreciate the fruit, it attempts to reduce the pleasure of self-gratification situation, such as the popular expression 'not to hand it to torcer', admit the other's power.
The impressions recorded in the psyche during the first months of life are of great importance for further development. When the child can not feel that it is able to modify their environment (who feeds), gets a feeling "eternal" of impotence: a deep sense of inadequacy and failure.
This is the basis of envy: overvalue others (which may, according to envious of fantasy, do everything) and empty yourself (which is lower because it can do nothing). Thus is born the desire to empty the other so that everything is equal and it does not get lonely. According to psychoanalyst Mário Quilici, envy occurs in four specific phases:1- First, the individual looks at an object, situation or a trace of someone who immediately wonder. Understands the importance of that dash for it. That is, see, admire and want.2- The next moment, makes a comparison between what the other has and what the individual does not have. He becomes aware of a lack its because already discriminate. Here the cognitive process is important.3- There occurs the third time of envy, which is the perception - while the shame - a lack of it than was admired (and valued) on the other. There arises also the realization that what we wanted, it is impossible to be obtained by it.4- Soon we are in the fourth and final stage: Jealousy is triggered by the perception of a lack in the individual. This failure causes attack and therefore espolie the envied object to disappear the difference was perceived.
A secret and constant struggle, one that feels insufficient tries to hide his shame of being unable. So, trying to avoid any situation that makes you feel more humiliated, he attacks before being attacked. That is, it competes alone. The competition is an envious of habit because he has difficulty receiving help, do together and cooperate.
The envious feel even has difficulty receiving gifts because he fears any situation that reveals your self-image of lack and need. So when the receiving, always looking repay them soon. Often the failure to delegate tasks can also be related to envy.
Envy prevents the feeling of gratitude. This is because the envious is unable to feel what the other gives you something willingly and yes, it does need to humiliate by the envious.
The dictionary explains: "Envy is the sorrow or regret for the good or the happiness of others. A violent desire to possess the good of others. " Have the Psychology Dictionary Dorsch explains: "Envy belongs to intentional feelings. It's a dissatisfaction, boredom with the joy of another. " So what is enviable is seen as very valuable.
If we look at the qualities of the object, person or situation you feel envy, we can better understand what we feel unable to conquer. In this sense, envy is a mirror that reveals a part of who we are, where we are and where we want to go.
Know where we want to go is the basic condition to get out of immobility. So, if we learn to recognize the emotional patterns that support our envy can make it an efficient method to diagnose our faults. In this way, we can transform the envy an inspiring force of awareness, rather than just a nasty feeling. Recognize where we want to go is an incentive to take a proactive attitude of our difficulties.
Maybe we can not change anything around us. But if we stop to learn from our negative feelings, we can change our mental attitude and attract new to our lives. Thomas Moore makes an interesting comment in his book Take care of your soul (Ed Siciliano.): "On the one hand, envy is the desire for something, and the other is a resistance against what the heart really wants. But envy, desire and selflessness work together to create a distinctive sense of frustration and obsession. Although the envy have an air masochistic - the envious person thinks it's a victim of bad luck - it also involves strong will in the form of resistance to the fate and character. When envious, one becomes blind to his own nature. [...] The real problem of envy is not the individual's ability to live well, is its ability to not live well. "
Vamos imaginar uma conversa entre pessoas que estão jogando papo fora. Do nada, alguém começar a falar das coisas boas que estão lhe acontecendo. Quantos rostos e mentes diferentes surgem naquele momento! Poucos expressam interesse real e se regozijam com sinceridade. A maioria irá sentir inveja, mesmo que não se dê conta...
Alguns expressam sua inveja com brincadeiras de mau gosto. Outros, calados, costumam pensar: Como ele é exibido e gosta de contar vantagem!. Já aqueles que não conseguem conter o ardor da inveja a queimar o seu interior, passam a criticá-lo, com a intenção de depreciar abertamente a sua boa sorte. Há ainda aqueles que passam a dar conselhos para ajudar aquela pessoa de sucesso a garantir o seu triunfo.
O clima pesa, pois não há mais empatia entre as pessoas. Provavelmente, muda-se de assunto. Pois a essa altura da conversa todos estão sofrendo: quem contou sente-se só e arrependido. Quem escutou, agora sente-se incomodado, inquieto e talvez nem saiba porquê. A inveja é destrutiva, tanto para quem a sente quanto para quem a recebe.
Quem já não vivenciou um mal-entendido quando alguém resolveu dar boas notícias!
O senso comum concorda que é melhor se precaver: Inveja traz mau-olhado. Quando estamos vivendo uma situação muito boa é melhor calar.
Olho-gordo é um nome popular para a inveja. Pois quando o invejado toma para si as projeções negativas do invejoso, acaba por concretizá-las. O tema que evoca a inveja é sempre alguma coisa que poderia revelar o que está faltando na personalidade daquele que a sente. É como se o invejoso falasse em voz alta algo que o invejado não gostaria que jamais viesse à tona. Neste sentido, para não se deixar contaminar pelo veneno do invejoso, o invejado deve observar com honestidade sua reação frente ao ataque do invejoso. Se ele estiver livre das questões expostas pelo invejoso, sua clareza de intenção irá protegê-lo do possível ataque do olho-gordo.
Quando somos criticados por avaliações contaminadas pela inveja, podemos nos sentir injustiçados e vulneráveis frente ao ataque externo. Neste momento, é bom lembrar que é praticamente impossível ser compreendido por todos, assim como é inviável agradar a gregos e troianos. O importante é mantermos o foco em nossas metas para não nos contaminarmos pela inveja alheia, pois ela sempre estará presente, de uma forma ou de outra.
A inveja surge do sentimento de que somos incapazes de viver nossos próprios sonhos, de alcançar nossas metas e realizarmo-nos. Por isso, o exemplo daqueles que realizaram algo nos faz lembrar aquilo que não fomos capazes de fazer. No entanto, muitas vezes a sensação de incapacidade, a matriz da inveja, deve-se à escolha inadequada de metas, como desejar algo que não está ao nosso alcance. Em geral, costumamos não valorizar as coisas que já realizamos e assim cultivamos a sensação de desvalia sem nos darmos conta de nosso próprio valor. Neste sentido, a inveja consome o invejoso, porque o faz dar valor apenas ao que está além de seu alcance.
A inveja é um dos sentimentos mais difíceis de serem aceitos pelo ser humano, pois na maioria das vezes é inconsciente. Isto ocorre porque ela se forma muito cedo em nossa vida. A inveja surge nos primeiros meses de vida na relação com quem nos alimenta! Quando queremos mais alimento e não temos, não toleramos a frustração, ficamos com raiva de quem tem o alimento. Com inveja dele, queremos destruí-lo. Como podemos constatar, a inveja é um sentimento primitivo, pouco elaborado. Ela está baseada no sentimento de inferioridade, adquirido pela comparação que se faz com outra pessoa em algum aspecto específico.
Assim como escreve Elisa Cintra em Melanie Klein Estilo e Pensamento (Ed. Escuta): `Quem desdenha quer comprar´, diz o ditado: a inveja é quase sempre detectável na vida cotidiana por esse trabalho de desvalorização do outro, o que também foi narrado pela fábula da raposa e das uvas. Impossibilitada de ter acesso às uvas, a raposa começou a tecer considerações sobre a falta de valor dos frutos, o fato de estarem verdes... A inveja dirigiu-se aos frutos, isto é, à criatividade da árvore, àquilo que ela pode oferecer e criar. A idéia de `frutos´permite que se lembre a inveja da obra do outro, de suas idéias, de seu trabalho e de sua capacidade de criar obras de arte ou científicas. Entretanto, a inveja vai mais longe: além de depreciar os frutos, ela tenta diminuir o prazer da própria situação de gratificação, como na expressão popular `não dar o braço a torcer´, admitir o poder do outro.
As impressões registradas no psiquismo durante os primeiros meses de vida são de grande relevância para o desenvolvimento posterior. Quando a criança não consegue sentir que é capaz de modificar seu ambiente (quem a alimenta), fica com um sentimento "eterno" de impotência: um sentimento profundo de inadequação e insuficiência.
Esta é a base da inveja: supervalorizar os outros (que podem, segundo a fantasia do invejoso, fazer tudo) e esvaziar a si mesmo (que é inferior porque não pode fazer nada). Assim, nasce o desejo de esvaziar o outro para que tudo fique igual e ele não fique só. Segundo o psicanalista Mário Quilici, a inveja dá-se em quatro fases especificas:
1- Primeiramente, o indivíduo olha um objeto, situação ou um traço de alguém que imediatamente admira. Compreende a importância daquele traço para ele. Ou seja, vê, admira e deseja.
2- No momento seguinte, faz uma comparação entre o que o outro tem e o que o indivíduo não tem. Ele toma consciência de uma falta sua porque já discrimina. Aqui o processo cognitivo é importante.
3- Aí se dá o terceiro momento da inveja, que é a percepção - e ao mesmo tempo a vergonha - de uma falta nele do que foi admirado (e valorizado) no outro. Surge aí, também, a constatação de que aquilo que desejou, é impossível de ser obtido por ele.
4- Logo estamos na quarta e última fase: A inveja é disparada pela percepção de uma falta no indivíduo. Essa insuficiência faz com que ataque e conseqüentemente espolie o objeto invejado para fazer desaparecer a diferença que foi percebida.
Numa luta secreta e constante, aquele que se sente insuficiente tenta esconder sua vergonha de ser incapaz. Assim, procurando evitar qualquer situação que o faça sentir mais humilhado, ele ataca antes de ser atacado. Isto é, ele compete sozinho. A competição é um hábito do invejoso, pois ele tem dificuldade de receber ajuda, fazer junto e cooperar.
O invejoso sente tem até mesmo dificuldade de receber presentes, pois ele teme qualquer situação que revele sua auto-imagem de carência e necessidade. Por isso, quando os recebe, procura sempre retribuí-los logo. Muitas vezes, a dificuldade de delegar tarefas também pode estar relacionada à inveja.
A inveja impossibilita o sentimento de gratidão. Isso ocorre porque o invejoso é incapaz de sentir que o outro lhe dá algo de bom grado e sim, o faz por necessidade de humilhar o invejoso.
O Novo Dicionário Aurélio explica: “Inveja é o desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. Um desejo violento de possuir o bem alheio”. Já o Dicionário de Psicologia Dorsch esclarece: “A inveja pertence aos sentimentos intencionais. É uma insatisfação, o aborrecimento com a alegria do outro”. Portanto, aquilo que é invejável é encarado como algo de muito valor.
Se prestarmos atenção às qualidades do objeto, pessoa ou situação pela qual sentimos inveja, poderemos compreender melhor o que nos sentimos incapazes de conquistar. Neste sentido, a inveja é um espelho que revela uma parte de quem somos, onde estamos e para onde queremos ir.
Saber para onde queremos ir é a condição básica para sair da imobilidade. Por isso, se aprendermos a reconhecer os padrões emocionais que sustentam nossa inveja poderemos torná-la um método eficiente para diagnosticar nossas faltas. Desta forma, poderemos transformar a inveja numa força inspiradora de conscientização, no lugar de um sentimento apenas desagradável. Reconhecer para onde queremos ir é em um estímulo para tomarmos uma atitude proativa diante de nossas dificuldades.
Talvez não possamos modificar nada ao nosso redor. Mas se pararmos para aprender com nossos sentimentos negativos, poderemos mudar a nossa atitude mental e atrair o novo para nossa vida. Thomas Moore faz um comentário interessante em seu livro Cuide de sua alma (Ed. Siciliano): “Por um lado, a inveja é o desejo por alguma coisa, e por outro, é uma resistência ante o que o coração realmente quer. Mas inveja, desejo e abnegação trabalham juntos para criar um senso característico de frustração e de obsessão. Apesar de a inveja ter um ar masoquista - a pessoa invejosa acha que é uma vítima de má sorte -, ela também envolve forte vontade na forma de resistência ao destino e ao caráter. Quando invejosa, a pessoa torna cega a sua própria natureza. [...] O verdadeiro problema da inveja não é a capacidade do indivíduo viver bem, é a sua capacidade de não viver bem”.
After all, what is envy?
:: Bel Cesar ::
Envy is an intriguing sense. Although we all experiencing, no one likes to recognize when you are feeling. After all, is a controversial sense: indicates that something positive awakens something negative.
Let's imagine a conversation between people who are playing chat outside. Out of nowhere, someone starts talking about the good things that are happening to him. How many faces and different minds arise at that moment! Few express real interest and rejoice sincerely. Most will be jealous, even if does not realize ...
Some express their envy with pranks. Others, silent, often think: How it is displayed and likes to brag !. Have those who can not bear the heat of jealousy burn the inside, start to criticize him, intending to openly disparage their good fortune. There are still those who are giving advice to help that person to ensure success of his triumph.
The weather weighs, because there is no empathy between people. Probably moved the subject. Because at this point the conversation everyone is suffering: who told feels lonely and sorry. Who listened, now feels uncomfortable, restless and may not even know why. Envy is destructive, both for those who feel as to the recipient.
Who has not experienced a misunderstanding when someone took a good news!
Common sense agrees that it is better to take precautions: Envy brings evil eye. When we are living a very good situation is better shut up.
Eye-fat is a popular name for envy. For when the envied takes on the negative projections of the envious, turns out to realize them. The theme that evokes envy is always something that could reveal what is lacking in the personality of the one who feels. It is as if the envious speak aloud something that envied not want never come to light. In this sense, not being contaminated by envious of the venom, envied must comply with honesty their reaction to the envious attack. If it is free of the issues exposed by the envious, their clarity of intent will protect you from possible eye-fat attack.
When we are criticized for reviews infected with envy, we may feel wronged and vulnerable against external attack. At this point, it is worth remembering that it is virtually impossible to be understood by everyone, as it is impossible to please Greeks and Trojans. The important thing is to stay focused on our goals do not contaminate to the envy of others, for it will always be present in one form or another.
Jealousy arises from the feeling that we are unable to live our own dreams, to achieve our goals and realizarmo us. Therefore, the example of those who have accomplished something reminds us of what we were unable to do. However, often the feeling of failure, the array of envy, is due to the inappropriate choice of targets, if you like something that is not within reach. In general, we usually do not value things that have already done so and cultivate a sense of worthlessness without realizing our own value. In this sense, envy consumes the envious, because it makes you appreciate just what is beyond your reach.
Envy is one of the most difficult feelings to be accepted by the human being, for the most part is unconscious. This is because it is way too early in our lives. Jealousy arises in the first months of life in relation to who feeds us! When we want more food and we do not tolerate frustration, we get angry who have food. Jealous of him, we want to destroy it. As we can see, envy is a primitive feeling, underdeveloped. It is based on the feeling of inferiority, acquired by the comparison that makes another person at some particular point.
As writes Elisa Cintra in Melanie Klein Style and Thought (Ed Listening.): `Who disdains want comprar', the saying goes, jealousy is often detectable in everyday life for this devaluation of work of the other, which was also narrated the fable of the fox and the grapes. Unable to access the grapes, the fox began to comment on the lack of fruit value, the fact that they are green ... Envy addressed the fruit, that is, the creativity of the tree, what it can offer and create. The idea of `frutos'permite to remember the envy of the other work, their ideas, their work and their ability to create works of art or scientific. However, envy goes further: in addition to depreciate the fruit, it attempts to reduce the pleasure of self-gratification situation, such as the popular expression 'not to hand it to torcer', admit the other's power.
The impressions recorded in the psyche during the first months of life are of great importance for further development. When the child can not feel that it is able to modify their environment (who feeds), gets a feeling "eternal" of impotence: a deep sense of inadequacy and failure.
This is the basis of envy: overvalue others (which may, according to envious of fantasy, do everything) and empty yourself (which is lower because it can do nothing). Thus is born the desire to empty the other so that everything is equal and it does not get lonely. According to psychoanalyst Mário Quilici, envy occurs in four specific phases:1- First, the individual looks at an object, situation or a trace of someone who immediately wonder. Understands the importance of that dash for it. That is, see, admire and want.2- The next moment, makes a comparison between what the other has and what the individual does not have. He becomes aware of a lack its because already discriminate. Here the cognitive process is important.3- There occurs the third time of envy, which is the perception - while the shame - a lack of it than was admired (and valued) on the other. There arises also the realization that what we wanted, it is impossible to be obtained by it.4- Soon we are in the fourth and final stage: Jealousy is triggered by the perception of a lack in the individual. This failure causes attack and therefore espolie the envied object to disappear the difference was perceived.
A secret and constant struggle, one that feels insufficient tries to hide his shame of being unable. So, trying to avoid any situation that makes you feel more humiliated, he attacks before being attacked. That is, it competes alone. The competition is an envious of habit because he has difficulty receiving help, do together and cooperate.
The envious feel even has difficulty receiving gifts because he fears any situation that reveals your self-image of lack and need. So when the receiving, always looking repay them soon. Often the failure to delegate tasks can also be related to envy.
Envy prevents the feeling of gratitude. This is because the envious is unable to feel what the other gives you something willingly and yes, it does need to humiliate by the envious.
The dictionary explains: "Envy is the sorrow or regret for the good or the happiness of others. A violent desire to possess the good of others. " Have the Psychology Dictionary Dorsch explains: "Envy belongs to intentional feelings. It's a dissatisfaction, boredom with the joy of another. " So what is enviable is seen as very valuable.
If we look at the qualities of the object, person or situation you feel envy, we can better understand what we feel unable to conquer. In this sense, envy is a mirror that reveals a part of who we are, where we are and where we want to go.
Know where we want to go is the basic condition to get out of immobility. So, if we learn to recognize the emotional patterns that support our envy can make it an efficient method to diagnose our faults. In this way, we can transform the envy an inspiring force of awareness, rather than just a nasty feeling. Recognize where we want to go is an incentive to take a proactive attitude of our difficulties.
Maybe we can not change anything around us. But if we stop to learn from our negative feelings, we can change our mental attitude and attract new to our lives. Thomas Moore makes an interesting comment in his book Take care of your soul (Ed Siciliano.): "On the one hand, envy is the desire for something, and the other is a resistance against what the heart really wants. But envy, desire and selflessness work together to create a distinctive sense of frustration and obsession. Although the envy have an air masochistic - the envious person thinks it's a victim of bad luck - it also involves strong will in the form of resistance to the fate and character. When envious, one becomes blind to his own nature. [...] The real problem of envy is not the individual's ability to live well, is its ability to not live well. "
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