29/03/2015 - Brasil
País terá política de
combate ao
bullying
NOVA LEI: Especialistas comemoram avanço do Programa de Combate à
Intimidação Sistemática no Senado. O projeto visa conscientizar a sociedade
sobre o problema
O combate ao
bullying no Brasil está
prestes a ganhar uma nova
e importante
ferramenta. O Programa de Combate à
Intimidação Sistemática
(PLC 68/2013) foi aprovado
no último dia 19 pelo Senado
Federal. Ainda vai demorar
um pouco
para a lei sair do papel, pois a proposta
inicial sofreu algumas alterações e,
por isso, precisou voltar para
a Câmara dos Deputados. De lá,
o projeto de lei seguirá para a
presidente Dilma Rousseff, a
quem caberá sancionar a
nova política pública. Mas os
especialistas no assunto já
comemoram a novidade. As
escolas e outras instituições vão
passar oficialmente a ter
responsabilidade sobre o problema,
destaca a médica e
psicoterapeuta Betinha Fernandes, que é
professora da UFPE e
coordenadora da disciplina de
Assistência Integral ao
Adolescente no curso de medicina da
Universidade Maurício de
Nassau.
Na verdade, o foco do programa é educativo: mais que estabelecer punições, ele quer conscientizar sobre o problema. O termo bullying, em inglês, é usado para descrever a prática de atos violentos, intencionais e repetidos contra alguém, podendo causar danos físicos, morais e psicológicos à vítima. Embora tenha maior impacto sobre o ambiente escolar, o novo programa tenta valorizar a temática e amplia o conceito para outros ambientes, como o trabalho as relações sociais.
Na tentativa de prevenir o bullying, a medida indica a capacitação de docentes e outros membros das equipes pedagógicas e a orientação dos familiares tanto de quem sofre, como de quem comete as agressões. Entre as ações que constam no projeto de lei, estão a publicação bimestral de relatórios das ocorrências de violência em escolas e redes de ensino, ajudando a fornecer uma visão mais ampla do problema, em todo o País.
ATRASO - O Brasil está atrasado em relação a outros países no combate ao bullying. As instituições privadas, quando realizam ações, fazem-no de maneira pulverizada, e não existem políticas específicas nas escolas públicas. Consultada a respeito, por exemplo, a Secretaria e Educação do Recife informou que o problema é tratado de forma transversal na rede municipal de ensino, que atende crianças do ensino fundamental (até cerca de 14 anos), através dos cursos de formação dos professores e de palestras voltadas para os alunos e seus familiares. Já a Secretaria de Educação de Pernambuco não retornou os contatos da reportagem.
O mais importante é poder criar esse alerta, estimular a atenção das famílias e das escolas para que exerçam seus papéis de orientadores. Ainda não sei de que forma os órgãos vão fiscalizar, colocar a lei realmente em prática. Mas paralelamente será necessário que haja também a conscientização da sociedade, dos meios de comunicação e do próprio meio político, avalia a psicóloga Fátima Casa Nova, que leciona na Faculdade dos Guararapes e atuou no ambiente escolar por mais de uma década.
O mais importante é poder criar esse alerta, estimular a atenção das famílias e das escolas para que exerçam seus papéis de orientadores. Ainda não sei de que forma os órgãos vão fiscalizar, colocar a lei realmente em prática. Mas paralelamente será necessário que haja também a conscientização da sociedade, dos meios de comunicação e do próprio meio político, avalia a psicóloga Fátima Casa Nova, que leciona na Faculdade dos Guararapes e atuou no ambiente escolar por mais de uma década.
Para ela, o processo de implementação da nova lei tem que ser feito com extremo cuidado. O que a gente tem vivenciado nas escolas é que tanto quem pratica, quanto quem sofre agressão, são partes de um mesmo contexto, alerta.
Esta também é a opinião de Betinha Fernandes, que atende vítimas de agressão há quase 30 anos. A maioria das escolas acha que o bullying é brincadeira e não toma providências, a não ser em casos drásticos, relata Betinha.
Segundo ela, trata-se de um problema complexo, que envolve a vítima, o agressor e até mesmo as testemunhas da agressão, que muitas vezes não agem por medo de se tornarem vítimas também, mas que acabam sendo forçadas a participar do processo ou se sentem culpadas por não defenderem o colega.
Os familiares, que não compreendem a situação e muitas vezes forçam a vítima a reagir, ou a escola que ignora o problema ou que, confrontada com a agressão, simplesmente pune ou expulsa o autor do bullying, também precisam ser conscientizados.
Todos no local onde o bullying acontece precisam ser trabalhados. Não basta atender à vítima, resume ela, para quem esta será a maior dificuldade do novo programa. A nova lei precisa ser divulgada, as pessoas têm que saber como funciona e como e a quem cobrar. É provável que leve um tempo até a sociedade absorver essa informação, e as famílias saberem que têm esse respaldo legal, destaca.
Todos no local onde o bullying acontece precisam ser trabalhados. Não basta atender à vítima, resume ela, para quem esta será a maior dificuldade do novo programa. A nova lei precisa ser divulgada, as pessoas têm que saber como funciona e como e a quem cobrar. É provável que leve um tempo até a sociedade absorver essa informação, e as famílias saberem que têm esse respaldo legal, destaca.
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