Veículo: JORNAL
DO COMMERCIO - ON LINE - PE
Editoria: POLÍTICA
Autor: Paulo veras
Data: 21/01/2016
120 cidades estouram limite da
LRF
GESTÃO Segundo o TCE, dois terços dos 184
municípios do Estado têm gastos com pessoal acima dos 54% da receita
líquida
Sancionada há 15 anos, a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) combinada à atual turbulência econômica do Brasil está deixando
prefeitos em apuros. Relatório divulgado ontem pelo Tribunal de Contas do Estado
(TCEPE) fez um raio-x dos municípios e apontou que 120 das 184
prefeituras de Pernambuco extrapolaram o limite legal (54%) das suas receitas em
despesas com pessoal.
O número de cidades que descumpriram o índice aumentou 4,3% em relação a
2014.
Mas a cidade de Custódia, no Sertão, administrada
pelo prefeito Luiz Carlos (PT), salta aos olhos no levantamento. A cidade comprometeu 102,97% das Receitas Correntes Líquidas (RCL)
com folha de pagamento, o que significa que o gasto com servidores é superior à
arrecadação. Além de Custódia, as cidades de Palmeirina, Nazaré da Mata,
Itaquitinga e Cupira comprometeram quase 80% da
arrecadação com pessoal.
Os dados são referentes aos meses de janeiro a
agosto do ano passado. Além disso, outros 48 gestores receberam o sinal de alerta do TCE por
estarem na iminência de ultrapassar o limite de 54% da LRF. Quem descumpre a lei
fica passível de
sanções e impedido de conveniar com a União e o Estado. Somente 15 cidades
conseguiram ficar abaixo do limite máximo de gastos. Três delas estão
na Região Metropolitana:
Recife (47,75%), Jaboatão dos Guararapes (47,03%) e
Ipojuca (40,84%). No limite prudencial (de 51,3% a 54%), está Olinda, com
53,78% da receita vinculada à folha. José Patriota, presidente da Associação
Municipalista de Pernambuco (Amupe), explica que o nó existe porque a
arrecadação não vem acompanhando o aumento das despesas. Segundo ele, os
gestores têm se esforçado para manter os serviços em funcionamento e já cortaram
comissionados para enxugar a folha.
Só falta cortar serviço. É uma decisão difícil
fazer a escolha. Vai cortar onde? Saúde, educação, limpeza urbana, iluminação?,
argumenta. Patriota pondera que há lugares em que pode haver falhas na gestão,
mas, no geral, a inflação crescente e a pressão salarial e previdenciária são os
vilões dos gestores. Afirmando desconhecer o levantamento do TCE, o prefeito de
Custódia disse que a gestão compromete 76% da RCL com pessoal.
A folha de servidores do município é de R$ 2,9
milhões, enquanto a arrecadação mensal fica em R$ 3,5 milhões. Ano passado, duas
secretarias foram extintas, o número de comissionados foi reduzido e o salário
do prefeito e dos secretários baixou. Apesar de pagar os servidores em dia, o
petista afirma ter dificuldade para pagar fornecedores. A gente tem que ir
enrolando. Temos conseguido fazer alguma coisa por meio de emenda parlamentar ou
de algum convênio. A arrecadação própria é irrisória.
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