A
VIOLÊNCIA NO BRASIL
INTRODUÇÃO
Trezentos
milhões de reais por dia é o custo estimado da violência no Brasil, o
equivalente ao orçamento anual do Fundo Nacional de Segurança Pública, e um
valor superior ao envolvido na reforma da Previdência que tanto mobilizou os
governos. Esses valores não contabilizam o sofrimento físico e psicológico das
vítimas da violência brasileira, uma das mais dramáticas do mundo. Com 3% da
população mundial o Brasil concentra 9% dos homicídios cometidos no planeta. Os
homicídios cresceram 29% na década passada e entre os jovens esse crescimento
foi de 48%. As mortes violentas de jovens aqui são 88 vezes maiores do que na
França. E poucos países sofrem as ações de terrorismo urbano como as praticados
por traficantes no Rio de Janeiro.
Alguns
indicadores mostram a precariedade dos sistemas de contenção da violência. Cerca
de 2.000 roubos ocorrem diariamente na Grande São Paulo e em menos de 3% os
assaltantes são presos no momento do crime. Se mesmo assim há um explosivo
crescimento de nossa população carcerária é porque não basta prender. As
estratégias reativas da polícia e os métodos obsoletos de investigação não estão
conseguindo conter significativamente o grande volume de crimes. No Rio de
Janeiro, apenas 1% dos homicídios chega a ser esclarecido pelos trabalhos de
investigação, segundo revelação do Ministério Público. Se essa "eficiência" da
polícia e da justiça for dobrada, a um custo impagável, o volume de crimes mal
será afetado. Esse retrato da impotência de nosso sistema de controle criminal é
revelador da necessidade de uma profunda reforma no sistema de prevenção
criminal e não apenas isso, é necessário que as causas da violência também sejas
adequadamente tratadas, sem o que a crise da segurança pública no País não será
alterada significativamente.
CAUSAS
DA VIOLÊNCIA
Entres
as principais causas da violência no pais, pode-se citar:
• As
múltiplas carências das populações de baixa renda, precariamente assistidas nas
periferias das grandes cidades, tornam seus integrantes, especialmente os
jovens, suscetíveis de escolha de vias ilegais como forma de sobrevivência ou
adaptação às pressões sociais.
• A
opção ilegal é favorecida pela tolerância cultural aos desvios sociais e pelas
deficiências de nossas instituições de controle social: polícia ineficiente,
legislação criminal defasada(o que gera impunidade), estrutura e processos
judiciários obsoletos, sistema prisional caótico. A interação entre essas
deficiências institucionais enfraquece sobremaneira o poder inibitório do
sistema de justiça criminal.
• De
maneira geral as polícias têm treinamento deficiente, salários incompatíveis com
a importância de suas funções e padecem de grave vulnerabilidade à corrupção. A
ineficiência da ação policial na contenção dos crimes, assim como o excessivo
número de mortes de civis e de policiais, decorre dessas deficiências e do
emprego de estratégias policiais meramente reativas e freqüentemente
repressivas.
• O
emprego de tecnologia de informação ainda é incipiente, dificultando o
diagnóstico e o planejamento operacional eficiente para a redução de pontos de
criminalidade. Nesse planejamento são precárias as iniciativas de integração
entre os esforços policiais e as autoridades locais para promover esforços
conjuntos de prevenção e redução dos índices de violência.
POSSÍVEIS
MEDIDAS CONTRA A VIOLÊNCIA
1) Realização de projetos sociais com intuito de diminuir a
desigualdade social. Abrindo outros caminhos, além dos caminhos criminosos que
fomentam a violência, à população de baixa renda (principalmente aos jovens).
Por exemplo: É fato que ,hoje, a Informática é um pré-requisito básico para as pessoas que
disputam um lugar no mercado de trabalho. No entanto, grande parte da população
não tem condições financeiras para adquirir este conhecimento. Uma primeira
forma de ajudar, seria oferecendo condições a estas pessoas de disputarem um
emprego, através da disseminação do conhecimento em Informática.
2)
Criação de um instituto de estudos e pesquisas de segurança pública para
desenvolver pesquisas sobre o controle da violência e promover o desenvolvimento
de modelos de organização, de gestão e de processos mais eficientes e eficazes
para as polícias. Outra função importante desse instituto seria o planejamento e
coordenação de programas de formação e capacitação das polícias, e, para tanto,
deveria assumir a direção da Academia Nacional de Polícia.
3)
Inteligência criminal: desenvolvimento dessa área praticamente inerte na maioria
das polícias, com a adoção de métodos, processos e instrumentos de busca e
processamento de informação sobre criminosos. Essa área deve receber recursos
para aquisição de licenças de softwares de inteligência e de treinamento
específico, além de promover a interação com outras agências de inteligência,
inclusive dos países fronteiriços. O sistema de inteligência de segurança
pública deve ser plenamente implantado em todos os Estados para a troca ágil e
segura de informações sobre atividades de indivíduos e grupos criminosos. O
tratamento intensivo e contínuo das atividades do crime organizado deve receber
particular ênfase, principalmente sobre o tráfico de drogas, contrabando,
pirataria, roubo de cargas, furto e roubo de veículos, jogos ilícitos e crimes
financeiros. Nessa área devem ser exploradas todas as possibilidades de
integração com os serviços de inteligência da Polícia
Federal.
4)
Cadastros nacionais: o atual Sistema de Informação de Justiça e Segurança
Pública (Infoseg) deve ser aperfeiçoado para receber dados atualizados e de
qualidade dos Estados quanto a condenados procurados, cadastro de armas e
veículos, pessoas desaparecidas, arquivos de fotos dos principais criminosos de
cada unidade federativa e dados relevantes de inteligência. O Infoseg deve
integrar arquivos semelhantes existentes na Polícia
Federal.
5)
Tecnologia da informação: o desenvolvimento de bancos integrados de dados
criminais e sociais, a implantação de sistemas de geo-referenciamento e de
sistemas de análise dos dados para identificar perfis criminais, padrões e
tendências de cada área, pontos críticos e evidências de atuação de indivíduos e
grupos criminosos. Devem ser desenvolvidos instrumentos e métodos para o
monitoramento de crimes e planejamento de intervenções focalizadas para sua
redução em curto prazo. Esses instrumentos e métodos também podem favorecer,
através da análise ambiental dos pontos críticos de criminalidade, a integração
com outros esforços de prevenção como a participação de guardas municipais e
ações das prefeituras na correção de problemas locais que favorecem a ação
criminosa.
CONCLUSÃO
A
violência no Brasil atingiu índices inaceitáveis e a grande dificuldade em se
por um fim a esse mal é a multiplicidade e grandeza de suas causas. O que existe
é um ciclo vicioso: Condição enconômica do país -> Desigualdade social ->
Crimes -> Violência -> Polícia ineficiente (condição econômica do pais).
Tratar problemas como este exige total
participação da sociedade e empenho singular dos órgãos adiministrativos.
Modificado
do original de : José Vicente da Silva Filho (http://www.aprasc.com.br/policia/acoes.asp)
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