País terá política de
combate ao
bullying
NOVA LEI: Especialistas comemoram avanço do Programa de Combate à
Intimidação Sistemática no Senado. O projeto visa conscientizar a sociedade
sobre o problema
O combate ao
bullying no Brasil está
prestes a ganhar uma nova
e importante
ferramenta. O Programa de Combate à
Intimidação Sistemática
(PLC 68/2013) foi aprovado
no último dia 19 pelo Senado
Federal. Ainda vai demorar
um pouco
para a lei sair do papel, pois a proposta
inicial sofreu algumas alterações e,
por isso, precisou voltar para
a Câmara dos Deputados. De lá,
o projeto de lei seguirá para a
presidente Dilma Rousseff, a
quem caberá sancionar a
nova política pública. Mas os
especialistas no assunto já
comemoram a novidade. As
escolas e outras instituições vão
passar oficialmente a ter
responsabilidade sobre o problema,
destaca a médica e
psicoterapeuta Betinha Fernandes, que é
professora da UFPE e
coordenadora da disciplina de
Assistência Integral ao
Adolescente no curso de medicina da
Universidade Maurício de
Nassau.
Na verdade, o foco do
programa é educativo: mais
que estabelecer punições,
ele quer conscientizar sobre o
problema. O termo bullying, em
inglês, é usado para
descrever a prática de atos
violentos, intencionais e repetidos
contra alguém, podendo
causar danos físicos, morais e
psicológicos à vítima. Embora
tenha maior impacto sobre o
ambiente escolar, o novo
programa tenta valorizar a
temática e amplia o conceito
para outros ambientes, como o
trabalho as relações sociais.
Na
tentativa de prevenir o bullying, a medida
indica a capacitação de
docentes e outros membros das equipes
pedagógicas e a orientação dos
familiares tanto de
quem sofre, como de quem comete
as agressões. Entre as
ações que constam no projeto de
lei, estão a publicação
bimestral de relatórios das
ocorrências de violência em escolas
e redes de ensino, ajudando a
fornecer uma visão mais ampla
do problema, em todo o
País.
ATRASO
- O Brasil está atrasado em relação a outros países no
combate ao bullying. As
instituições privadas, quando
realizam ações, fazem-no de
maneira pulverizada, e não
existem políticas específicas
nas escolas públicas.
Consultada a respeito, por
exemplo, a Secretaria e Educação do Recife
informou que o
problema é tratado de forma
transversal na rede municipal de
ensino, que atende crianças
do ensino fundamental (até cerca
de 14 anos), através dos
cursos de formação dos
professores e de palestras voltadas
para os alunos e seus
familiares. Já a Secretaria de
Educação de Pernambuco não
retornou os contatos da
reportagem.
O mais importante é
poder criar esse alerta,
estimular a atenção das famílias
e das escolas para que exerçam
seus papéis de
orientadores. Ainda não sei de que forma
os órgãos vão fiscalizar,
colocar a lei realmente em
prática. Mas paralelamente será
necessário que haja também
a conscientização da
sociedade, dos meios de
comunicação e do próprio meio
político, avalia a psicóloga Fátima
Casa Nova, que leciona na
Faculdade dos Guararapes e
atuou no ambiente escolar por
mais de uma
década.
Para ela, o processo
de implementação da nova
lei tem
que ser feito com extremo cuidado. O que a
gente tem vivenciado nas
escolas é que tanto quem
pratica, quanto quem sofre agressão,
são partes de um mesmo
contexto, alerta.
Esta também é a opinião
de Betinha Fernandes,
que atende vítimas de agressão
há quase 30 anos. A maioria
das escolas acha que o bullying
é brincadeira e não
toma providências, a não ser em
casos drásticos, relata
Betinha.
Segundo ela, trata-se de
um problema complexo,
que envolve a vítima, o agressor
e até mesmo as testemunhas
da agressão, que muitas
vezes não agem por medo de
se tornarem vítimas também,
mas que
acabam sendo forçadas a participar do
processo ou se sentem culpadas por
não defenderem o
colega.
Os familiares, que não
compreendem a situação e
muitas vezes forçam a
vítima a reagir, ou a escola que
ignora o problema ou que,
confrontada com a agressão,
simplesmente pune ou expulsa o
autor do bullying, também
precisam ser
conscientizados.
Todos no local onde
o bullying acontece
precisam ser trabalhados. Não
basta atender à vítima,
resume ela, para quem esta será a
maior dificuldade do novo
programa. A nova lei precisa
ser divulgada, as pessoas têm
que saber como funciona e
como e a
quem cobrar. É provável que leve um tempo até
a sociedade absorver essa
informação, e as famílias
saberem que têm esse respaldo
legal, destaca.
Fonte: JORNAL DO COMMERCIO - www.jc.com.br
29/03/2015 - Brasil
29/03/2015 - Brasil
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