quarta-feira, 18 de março de 2015

A FILOSOFIA CHINESA E A RAIVA

A medicina tradicional chinesa explica que a raiva é classificada como uma energia yang, ou seja de natureza ardente, explosiva, impulsionada de dentro para fora, característica do elemento Madeira. Ter o controle sobre a raiva é uma missão difícil, uma batalha que temos que travar a todo instante, mas a raiva faz parte do processo do nosso impulso natural de manifestar nossa ação criativa no mundo exterior. Todos os nossos desejos, metas, objetivos estão ligados às capacidades de realização e execução .Todos nós queremos conseguir a satisfação dos nossos desejos da forma mais rápida. Buscamos a todo instante ganhar e realizar os nossos feitos. Nossa sociedade moderna incentiva cada vez mais o consumismo e o acúmulo de bens materiais e de conhecimento. Quanto mais rápido e ativo, melhor. Todo esse contexto nos leva ao acúmulo de energia ou à ativação maior do nosso metabolismo hepático. Essa relação psicossomática foi estudada e sistematizada pelos médicos orientais de forma bastante sagaz. Afirma-se que o Fígado e a Vesícula Biliar, mais algumas estruturas orgânicas, são responsáveis pela capacidade de impulsionar e de executar os nossos desejos. Essas estruturas orgânicas são constantemente desequilibradas pelo estado emocional da raiva, uma vez que a raiva acontece porque algo ou alguém nos impediu, ou nos bloqueou a ação.





A EXPRESSÃO DA RAIVA
 
Já foi dito que expressar tristeza ativa no próximo, um sentimento de solidariedade e o desejo de ajudar a pessoa triste. Mas expressar raiva é bem mais complicado. Quando uma pessoa expressa raiva, suas sobrancelhas se baixam no centro e apontam para cima, formando um arco quase pontudo. O olhar fica fixo na direção do alvo (ou seja, daquilo ou daquele que causa ou a raiva). Os lábio se cerram com força, enrugando-se ou, numa demonstração de raiva mais intensa, a pessoa arregala os lábios tensos, mostrando todos os dentes. A expressão da raiva assusta, ativa no outro o medo, em seguida, pode ativar o desejo de revide, um sentimento igualmente raivoso, nada solidário. A consequência pode ser uma briga com troca de ofensas físicas e/ou morais, que em nada contribuirão com a evolução do ser, ao contrário, estimulam a violência.
As pessoas são diferentes na frequência e forma de demonstrar sua raiva. Alguns são cronicamente enraivecidos e a demonstram mais rapidamente que outros e com maior grau de agressividade. Seu foco está sempre voltado para aquilo que tem o potencial de causar aborrecimentos. Constantemente “perdem a cabeça” para depois se arrependerem do que fizeram ou disseram no momento de raiva. Esses sofrem mais e tem maiores dificuldades para “consertar os estragos” posteriormente. A herança genética e/ou o ambiente são os maiores responsáveis por essas diferenças.

 
QUAL É A UTILIDADE DA RAIVA?
 
Dentro da normalidade, temos sempre a opção de não agredir. Dalai Lama defende que é possivel não sentir raiva quando há compaixão, pois se entendermos os motivos do outro, somos capazes de não sentir a ofensa.
Entretanto dizemos que às vezes, é importante agir baseados na raiva.
Essa ação poderá pode ser útil no sentido da autopreservação, ou seja, uma manifestação direta e adequada da raiva pode ser necessária e é saudável, porque afasta o medo, uma vez que ela é a própria energia do movimento do qual precisamos para agir e lidar com as ameaças.
Da raiva tambem podemos tirar lições, pois quando nos enfurecemos é sinal que alguma coisa nos incomodou, e se tivermos clareza das causas desse incômodo, agiremos sobre a situação, reagindo com certa energia de "raiva" para que o agressor perceba que existem limites que devem ser respeitados. É assim que se educa; a pessoa ofensiva precisa saber que o que fez nos desagradou, para que ela pare de fazer isso. Será preciso, em primeiro lugar total sinceridade consigo mesmo e estar seguro para depois se expressar da forma mais adequada. O importante é que não haja uma carga de agressividade que ative a ira do interlocutor, e que ele entenda suas razões para que o assunto se encerre sem rancores de ambas as partes e com aprendizado.






Nenhum comentário:

Postar um comentário