domingo, 19 de setembro de 2021

Uma em cada 100 mortes ocorre por suicídio, revelam estatísticas da OMS

 


Genebra, 17 de junho de 2021 (OMS) – O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicadas nesta quinta-feira (17) no relatório “Suicide worldwide in 2019”. Todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama - ou guerras e homicídios. Em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio: uma em cada 100 mortes, o que levou a OMS a produzir novas orientações para ajudar os países a melhorarem a prevenção do suicídio e atendimento.

"Não podemos - e não devemos - ignorar o suicídio", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde. “Cada um deles é uma tragédia. Nossa atenção à prevenção do suicídio é ainda mais importante agora, depois de muitos meses convivendo com a pandemia de COVID-19, com muitos dos fatores de risco para suicídio - perda de emprego, estresse financeiro e isolamento social - ainda muito presentes. A nova orientação que a OMS lança hoje fornece um caminho claro para intensificar os esforços de prevenção do suicídio."

Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

As taxas variam entre países, regiões e entre homens e mulheres.

Mais homens morrem devido ao suicídio do que mulheres (12,6 por cada 100 mil homens em comparação com 5,4 por cada 100 mil mulheres). As taxas de suicídio entre homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,5 por 100 mil). Para mulheres, as taxas de suicídio mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1 por 100 mil).

As taxas de suicídio nas regiões da OMS na África (11,2 por 100 mil), na Europa (10,5 por 100 mil) e no Sudeste Asiático (10,2 por 100 mil) eram maiores do que a média global (9 por 100 mil) em 2019. A mais baixa taxa de suicídio está na região do Mediterrâneo Oriental (6,4 por 100 mil).

Mundialmente, a taxa de suicídio está diminuindo; nas Américas, subindo

As taxas de suicídio caíram nos 20 anos entre 2000 e 2019, com a taxa global diminuindo 36%, diminuições variando de 17% na região do Mediterrâneo Oriental a 47% na região europeia e 49% no Pacífico Ocidental. Mas na Região das Américas, as taxas aumentaram 17% no mesmo período.

Embora alguns países tenham colocado a prevenção do suicídio no topo de suas agendas, muitos permanecem não comprometidos. Atualmente, apenas 38 países são conhecidos por terem uma estratégia nacional de prevenção do suicídio. É necessária uma aceleração significativa na redução de suicídios para cumprir a meta dos ODS de uma redução de um terço na taxa global de suicídio até 2030.

LIVE LIFE

Para apoiar os países em seus esforços, a OMS lançou uma orientação abrangente para a implementação de sua abordagem “LIVE LIFE” para a prevenção do suicídio. As quatro estratégias desta abordagem são:

  • limitar o acesso aos métodos de suicídio, como pesticidas e armas de fogo altamente perigosos;
  • educar a mídia sobre a cobertura responsável do suicídio;
  • promover habilidades socioemocionais para a vida em adolescentes; e
  • identificação precoce, avaliação, gestão e acompanhamento de qualquer pessoa afetada por pensamentos e comportamentos suicidas.
Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas em todo o mundo cometem suicídio. Algumas viviam no aconchegado de grandes famílias, outros eram tão solitários que sentiam que não tinham a quem recorrer. Cada morte afeta em média 135 pessoas adjacentes — o que totaliza 108 milhões de pessoas afetadas anualmente por mortes por suicídio.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está em oitavo dentre os países com maior número de suicídios, atrás de ÍndiaChinaEstados UnidosRússiaJapãoCoreia do Sul e Paquistão. Em 2013, contabilizou 11.821 suicídios (9.198 do sexo masculino e 2.623 do sexo feminino).

Segundo o psiquiatra Rodrigo de Almeida Ramos, os índices apontam que em mais de 90% dos pacientes que se suicidaram havia uma doença mental relacionada. “Na grande maioria dos casos, o diagnóstico associado era de depressão”, ressalta o médico.

Principalmente entre os jovens, cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de drogas. Também são fatores de risco para o suicídio situações como desemprego, sensações de vergonha, desonra, desilusões amorosas, além de antecedentes de doenças mentais.

Apesar da causalidade ainda não ser totalmente conhecida e ter um caráter multifatorial, muitos são os fatores que fazem com que uma pessoa seja mais suscetível ou vulnerável ao ato. Traumas de infância como abandono, negligência e violência, representam um dos cenários mais presentes em vítimas de suicídio, uma vez que quanto mais precoce são as experiências traumáticas, mais profundas são suas consequências. Isso não quer dizer que uma pessoa que passou por uma experiência traumática cometerá o suicídio, mas sim que essas pessoas são mais vulneráveis a isso.

EXPERIÊNCIAS NEGATIVAS

Outras experiências dolorosas como bullying, abusos sexuais, físicos e psicológicos, divórcios conturbados e famílias disfuncionais, são recorrentemente encontrados no histórico de pessoas suicidas. Acredita-se que muitas vezes o suicídio deriva de um estímulo que remeta a uma dor ou sofrimento profundo ou que seja uma consequência do acúmulo de emoções e experiências negativas. Algumas pessoas suicidas presenciaram o suicídio de um familiar ou tem histórico de suicídio na família.

ATENÇÃO AOS SINAIS

Pessoas com tendências suicidas costumam pensar muito na morte e não veem razão ou sentido em viver, têm um discurso pessimista e não falam sobre o futuro, nem se imaginam tendo um. Essas pessoas costumam ser inseguras e ter baixa autoestima. Se isolam, não sentem-se compreendidas, carregam um forte sentimento de culpa e, muitas vezes, podem achar a própria existência inútil e desprezível.

Muitas vezes recorrem ao autoflagelo através de mutilações e podem falar em tom de despedida. Todas essas mudanças de comportamento e humor podem ocorrer abruptamente ou se desenvolverem aos poucos, por isso é importante ficar atento aos sinais. 

COMO EVITAR

A melhor forma de evitar o suicídio é tratar os possíveis transtornos psiquiátricos subjacentes com medicamentos (antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos) e psicoterapia. O monitoramento de pessoas com tendências suicidas é muito importante, assim como o apoio familiar. Manter um diálogo aberto e fortalecer os vínculos são fundamentais para as pessoas que pensam em cometer o ato.

Restaurar a vontade de viver, incentivar sonhos e atividades que costumavam ser prazerosas para pessoas podem representar um reforço positivo muito necessário nessas horas, assim como lembrar que a pessoa não está sozinha e que terá o apoio que precisar independentemente do que estiver passando.

C.V.V.

Centro de Valorização à Vida atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188 (ligação gratuita) e também por chat, 24 horas por dia. Se você precisa conversar ou conhece alguém que requer ajuda,  o voluntário do CVV busca ouvir aquele que liga, de forma sigilosa e sem julgamentos, com profundo respeito, aceitação, confiança e compreensão, valorizando a vida e, consequentemente, prevenindo o suicídio.





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