terça-feira, 15 de setembro de 2015

Sofrimento produtivo e improdutivo


Podemos tentar classificar nosso sofrimento íntimo como normal ou patológico. Trata-se de uma avaliação complexa e difícil. Podemos pensar em tristeza com causa objetiva determinante e estados depressivos (tristeza e depressão são, hoje em dia, usados como sinônimos) definidos antes de tudo por alterações na química cerebral. Não se deve subestimar a dificuldade presente neste tipo de divisão, pois estados de alma interferem sobre a química e vice-versa.
 
Penso que é muito mais útil separar os estados depressivos em sofrimento construtivo e produtivo ou improdutivo e pouco útil – senão completamente inútil. Do ponto de vista prático, esta é a classificação que determina o tipo de interferência do profissional de saúde.
 
O sofrimento produtivo é aquele que deriva da tomada de consciência de erros que cometemos: a autocrítica é sempre muito dolorosa quando, por exemplo, um empresário tem que perceber que sua situação financeira se deteriorou por força de equívocos previsíveis; dói para alguém que perdeu o parceiro sentimental por razões que poderiam ter sido evitadas, dentre tantos outros exemplos.
 
A fase de avaliação do ocorrido é extremamente produtiva e pode levar a importantes mudanças psicológicas, melhorando as condições da vida futura. Numa situação dessas seria quase criminoso fazer uso de algum tipo de medicação que viesse a prejudicar a reflexão em toda sua profundidade.
 
Nos casos de luto por morte de pessoa querida a situação é diferente, já que não temos que aprender nada acerca de nossas atitudes. Talvez tenhamos muito a aprender sobre condição humana e, é claro, cabe a dor e sofrimento que, diga-se de passagem, nenhum tipo de medicamento é capaz de atenuar muito durante a fase aguda da tristeza.
 
Acontece que, tanto no caso da autocrítica útil e construtiva quanto no luto necessário para melhor entendermos nossa condição, pode acontecer do estado depressivo se estender para além do útil e conveniente.
 
No caso do empresário que aprendeu com seus erros, é claro que ele terá que sair do estado depressivo e ir atrás de salvar o que restou de seus negócios. Para conseguir fazer isso é preciso que esteja um pouco mais disposto.
 
Isso vale para quase todas as condições depressivas que se prolongam para além do que é produtivo e útil. Aí cabe sim tentarmos ajudar a pessoa a sair do atoleiro depressivo (que, muitas vezes, já se tornou um fato químico) por meio do uso de medicamentos e psicoterapia (que está indicada também na fase de autocrítica).
Nos casos em que a depressão é de origem essencialmente química, todo o sofrimento é inútil e a mente patina em medos e pensamentos obsessivos de caráter negativo dos quais nada de bom se pode extrair. Cabe lançar mão de todos os recursos hoje disponíveis para amenizar este tipo de dor que não leva a nada.


Suffering productive and unproductive
We can try to classify our inner suffering as normal or pathological. It is a complex and difficult to assess. We can think of sorrow with key objective cause and depressive states (sadness and depression are, nowadays, used interchangeably) defined primarily by changes in brain chemistry. One should not underestimate the difficulty present in this kind of division, as moods affect on the chemical and vice versa.
I think it's much more useful to separate depressive states suffering constructive and productive or unproductive and unhelpful - if not completely useless. From a practical point of view, this is the classification that determines the interference of health professionals.
The productive suffering is one that comes from the awareness of error we made: self-criticism is always very painful when, for example, a business owner must realize that their financial situation has deteriorated under predictable misunderstandings; it hurts to someone who lost his sentimental partner for reasons that could have been avoided, among many other examples.
The evaluation phase of the event is extremely productive and can lead to important psychological changes, improving the conditions of the future life. In such a situation it would be almost criminal to make use of some kind of medication that would impair the reflection in all its depth.
In cases of mourning for loved one's death the situation is different, since it does not have to learn anything about our attitudes. We may have a lot to learn about the human condition and, of course, it is the pain and suffering which, by the way, any medication can alleviate a lot during the acute phase of grief.
It turns out that both in the case of the useful and constructive self-criticism and in mourning needed to better understand our condition, it can happen the depressed state extend beyond the useful and convenient.
If the entrepreneur has learned from his mistakes, of course you will have to leave the depressive state and go back to save what's left of their business. In order to do this you need to be a little more willing.
This is true for almost all depressive conditions extending beyond what is productive and useful. Here it is rather try to help the person out of the depressive quagmire (which often has become a chemical fact) through the use of medication and psychotherapy (which is also indicated in the self-criticism stage).
Where depression is essentially chemical origin, all suffering is useless and the mind skating on fears and obsessive thoughts of negative character of which nothing good can be extracted. It is resorting to all currently available resources to alleviate this type of pain that leads nowhere.

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