segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A nova ciência da felicidade
 
Os psicólogos sempre se preocuparam com a doença. Agora voltam sua atenção para uma questão mais desafiadora: o que nos torna felizes?
 
David Cohen e Aida Veiga
colaboraram Renata Leal e Tânia Nogueira

 
 
 
 
 
Há 2.400 anos, um sujeito chamado Sócrates, que perambulava pelas ruas de Atenas, na Grécia, iniciou um debate que dura até hoje: o que é felicidade? Como atingi-la? Até então, as pessoas acreditavam que dependiam basicamente dos desígnios dos deuses - como explica o professor de História da Universidade da Flórida Darrin McMahon, autor do recém-lançado livro Happiness: a History (Felicidade: uma História). A própria origem da palavra denota isso. Happiness vem do anglo-saxão happ, acaso. Felicitas, o termo latino que dá origem a felicidade, significa também ventura, sorte, algo que lhe acontece.
O grande avanço de Sócrates foi tornar a busca da felicidade uma tarefa de responsabilidade do ser humano, e não do acaso. Nos dois milênios que se seguiram, a questão foi abordada por inúmeros pensadores, de Aristóteles aos grandes filósofos cristãos, e a noção de felicidade oscilou entre várias tentativas de conciliar a conduta individual e a ordem divina. 'Tudo mudou com o Iluminismo', afirma McMahon. 'No século XVIII, felicidade passou a ser algo a que todos temos direito como seres humanos.' Um dos conceitos básicos da Revolução Francesa, marco da moderna sociedade ocidental, é que o objetivo da sociedade deveria ser a felicidade geral. Na Constituição americana, já na segunda linha está escrito que todo homem tem o direito inalienável à vida, à liberdade e à busca da felicidade. No Brasil, um exemplo da força desse apelo foi o mote da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989, Sem Medo de Ser Feliz.
Nos últimos dois séculos, portanto, felicidade tem sido um dos principais parâmetros para conferir sentido à vida humana. E, agora, todo o nosso conhecimento sobre o assunto vem sendo virado do avesso.
Não é o sucesso que nos torna felizes. É a felicidade que traz sucesso






Novas pesquisas mostram que não são as nossas conquistas, o nosso esforço, as nossas realizações que nos tornam felizes. É o oposto. É a felicidade que, em grande parte, determina nossas conquistas. 'Fiz uma revisão dos 225 estudos mais importantes sobre felicidade sob várias perspectivas, tanto em laboratório como em entrevistas', diz a psicóloga Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, que está escrevendo um livro sobre o assunto. 'Cheguei à conclusão de que, ao contrário do que muitos imaginam, é a felicidade que leva ao sucesso - e sucesso tanto no trabalho quanto na vida pessoal, na escola, em tudo', afirma.
 
'Pessoas felizes têm mais capacidade de perseguir seus objetivos e adquirir os meios de conquistá-los', diz Sonja. 'Elas também costumam ser mais confiantes, otimistas, energéticas e sociáveis, e estão mais preparadas para enfrentar situações difíceis.' Além disso, pessoas felizes tendem a ter relacionamentos mais longos, casamentos melhores, ser mais saudáveis e viver mais.
 
O sucesso no trabalho decorre principalmente de seus laços sociais, segundo Sonja. 'Pessoas felizes são mais queridas, recebem mais tarefas, são mais bem avaliadas', diz. Elas também trabalham com mais energia e são mais criativas. 'No mundo competitivo em que vivemos, a agressividade é muitas vezes uma característica importante. Mas felicidade conta mais.'
Os estudos que dão base a essas conclusões são dos mais diversos tipos. Num deles, milhares de estudantes foram entrevistados na década de 70 e, depois, nos anos 90. Aqueles que se consideravam mais felizes nos anos 70 continuavam sendo mais felizes 20 anos depois - e ganhavam, em média, US$ 15 mil por ano a mais que os outros.
 
Num segundo estudo, borrifou-se um spray com vírus de gripe em centenas de voluntários. O número de pessoas que ficaram resfriadas no grupo das mais felizes era a metade do das pessoas menos felizes. Ou seja, seu sistema imunológico era melhor. Outro estudo acompanhou um grupo de freiras desde que tinham 22 anos. As mais felizes viveram, em média, dez anos a mais.
 
A psicóloga Laura Kubzansky, da escola de saúde pública de Harvard, acompanhou os dados de 1.300 homens durante dez anos. Aqueles que se consideravam otimistas tiveram a metade dos índices de doenças do coração. 'É um efeito muito maior do que esperávamos encontrar', disse, numa entrevista à revista Time. 'Tão grande quanto a diferença entre fumantes e não-fumantes.'
#Q:A nova ciência da felicidade - continuação:#
 
EVOLUÇÃO
A alegria de torcer é uma característica herdada de nossos ancestrais

O psicólogo Edward Diener, da Universidade de Illinois, um pesquisador do assunto tão prolífico que foi apelidado de Doutor Felicidade, resume as benesses em sete pontos:
1. Pessoas felizes têm sistema imunológico melhor, e há alguma evidência de que vivem mais;
2. Elas são mais criativas, pelo menos em laboratório;
3. Ajudam mais os outros e faltam menos ao trabalho;

4. São mais bem-sucedidas (ganham mais, têm casamentos melhores);
5. Têm relações sociais mais profundas;
6. Lidam melhor com situações difíceis;
7. Gostam mais de si mesmas e dos outros, e os outros gostam
mais delas.
O único ponto negativo é que as pessoas felizes são em geral piores na tomada de decisões: tendem a se guiar mais por estereótipos e ser menos lógicas. Mesmo isso, no entanto, Diener põe em dúvida. 'O exame minucioso de todas as coisas, feito pelas pessoas infelizes, tem um custo substancial no longo prazo', escreveu Diener em seu site (www.psych.uiuc.edu/~ediener). 'Esses indivíduos podem gastar tempo demais em problemas triviais, e portanto não agir com eficiência.'

A euforia de ganhar na loteria não dura mais que alguns meses
 
 
 
 
 
 
Certo, então os cientistas concluíram que é ótimo ser feliz. Como se ninguém desconfiasse. E o que eles têm a dizer sobre como chegar lá? Algumas coisas muito interessantes. Para começar, vários estudos comprovam dados da sabedoria popular: ter amigos, por exemplo, faz uma tremenda diferença para o bem-estar de uma pessoa. Segundo o psicólogo Jonathan Haidt, autor do livro The Happiness Hypothesis (A Hipótese da Felicidade), precisamos fazer parte de um grupo, algo que a vida moderna tem tornado difícil (leia a entrevista à página 96). Saúde, como era de esperar, também importa muito. Quando seu time ganha, há uma explosão de felicidade (segundo o psicólogo Robert Cialdini, uma sensação similar à que nossos ancestrais sentiam quando derrotavam inimigos em uma batalha). Conquistar coisas, por outro lado, dá mais prazer se você tem de se esforçar por elas (estão certas, aparentemente, as moças que se fazem de difíceis para ser mais valorizadas).
 
Mas o senso comum também costuma se equivocar. É freqüente, por exemplo, a crença de que a beleza ajuda a ser feliz. 'Diante de uma mulher muito bonita, a tendência é pensar que o universo conspirou para que ela fosse feliz', diz o psicanalista Jorge Forbes, presidente do Instituto de Análise Lacaniana e autor do livro Você Quer o Que Deseja?. 'Mas poucos sabem como é difícil suportar uma qualidade que é tão evidente para todos. Vejo muitas mulheres que fazem análise justamente porque são muito bonitas e têm dificuldade de lidar com isso.'
 
Outra crença comum é que ganhar na loteria resolve a vida de qualquer um. Mas uma pesquisa dos psicólogos Philip Brickman e Donald Campbell, amplamente replicada, demonstrou que a felicidade obtida com o bilhete premiado não dura mais que alguns meses. Alguém em posição para entender isso é Valmir Amorim, que ganhou na Sena, em 1988, o equivalente a R$ 12 milhões em dinheiro de hoje.
ADAPTAÇÃO
Com 14 anos, Júlio Teruyu levou um tiro e teve a perna amputada. Hoje, diz ser mais feliz que antes, porque 'dá valor ao que realmente importa'
'Eu tinha 23 anos, era solteiro e trabalhava como pedreiro na reforma da penitenciária do Estado', diz Amorim. Ele comprou uma fazenda e gado e foi morar com a família no interior de São Paulo. 'No começo, era infeliz porque não me deixavam em paz. Todo mundo pedia ajuda. Tive até de contratar segurança.' Amorim diz que, com o tempo, voltou a seu nível de satisfação anterior. Afirma que, recentemente, começou a 'sentir um vazio'. 'Como tinha as noites livres e os três filhos crescidos, decidi voltar a estudar. Quero cursar a faculdade de Veterinária. É um sonho que me anima. Vou ficar felicíssimo no dia em que me formar veterinário.'
 
O mesmo ocorre para o lado negativo. Estudos com paraplégicos mostram que, no intervalo de poucos meses, eles relatam ter voltado a um nível de satisfação com a vida próximo ao que tinham antes de sofrer o acidente. O estudante paulista Júlio Teruyu, vítima de uma bala perdida que causou a amputação de uma de suas pernas há seis anos, quando tinha 14, concorda com a tese. 'Fiquei revoltado, xingava todo mundo, entrei em depressão quando tudo aconteceu', afirma. 'Melhorei quando comecei a fazer fisioterapia e vi outros tipos de deficiência piores que a minha. Hoje, trabalho como analista de apólices e faço faculdade. Gosto muito de dançar e, como uso prótese, faço o que quero. Tenho um grupo de dança e já participei até de concurso.'
Teruyu diz que se tornou uma pessoa mais feliz. 'Antes do acidente, eu era feliz, mas só dava importância para os bens materiais. Hoje, dou valor ao que realmente merece.'

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Brickman e Campbell cunharam a expressão 'esteira hedonista' para explicar a situação. Segundo eles, as pessoas se adaptam aos prazeres, mais ou menos como você se acostuma à água fria de um rio e, depois de alguns minutos, o que conta não é a temperatura em si, mas a variação da temperatura. O termo ajuda a explicar o círculo vicioso que prende os consumistas: eles compram, mas o produto que levam para casa perde a capacidade de satisfazer rapidamente. O psicólogo evolucionista Geoffrey Miller, que pesquisa o comportamento de consumidores, afirma que todos os produtos não-essenciais deveriam vir com o seguinte aviso: 'Cuidado! Pesquisas científicas advertem que este produto vai aumentar seu bem-estar apenas no curto prazo, se tanto, e não afetará seu nível geral de felicidade'.

LOTERIA Valmir Amorim ganhou na Sena. Comprou fazenda e gado. Mas diz que ainda não é feliz
Por isso estaria correto aquele ditado, tão ironizado, de que dinheiro não traz felicidade. É o que indica um levantamento feito pelo Target Group Index - Ibope Media especialmente para ÉPOCA: os brasileiros mais ricos têm os menores índices de satisfação (leia o quadro à página 'números da felicidade'). Para eles, talvez valha a lição de Severino Pereira da Silva, de 63 anos, morador de Lagoa Seca, município do Agreste paraibano: 'Quem tem saúde, um teto para morar, alguém para gostar e ainda reclama… só pode ser soberba'. Biró, como é chamado, é conhecido pelo sorriso largo e pelo eterno otimismo. 'Planto feijão e milho. Passo o dia na enxada. O trabalho é duro, mas a vida é boa. Quero mais o quê? Tem comida em casa e minha véia para fazer um dengo de vez em quando.'
O psicólogo Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia, tem uma explicação alternativa à 'esteira hedonista'. Talvez não se trate de os prazeres perderem a validade, e sim de o nível de exigência crescer. Assim, se você costumava comer em bandejões e passa a freqüentar restaurantes de luxo, na primeira semana sua sensação é de estar no paraíso. Mas, com o tempo, você espera aquela qualidade de comida. Para impressioná-lo, seria necessário ir a um restaurante muito mais extraordinário.

Essa 'esteira das satisfações' ajuda a entender um dos enigmas das pesquisas sobre a felicidade. Se os cariocas relatam um nível de satisfação com a vida igual ao de, digamos, paulistas, isso significa que ambos são igualmente felizes? Ou eles têm exigências diferentes? É por isso que os psicólogos estão deixando de lado o termo 'felicidade' e trabalhando com o termo 'bem-estar subjetivo'.
Também aí Kahneman tem uma contribuição importante. Um de seus estudos demonstrou que as pessoas só guardam na memória os picos emocionais de uma experiência (tanto positivos como negativos) e como ela terminou. Assim, voluntários expostos a um barulho de 78 decibéis, durante dez segundos, acharam a experiência mais estressante que a de ser expostos aos mesmos dez segundos com barulho de 78 decibéis, seguidos de oito segundos de um ruído de 66 decibéis, embora a segunda experiência fosse claramente pior.

O processo de comparação com as outras pessoas mina a felicidade
Uma segunda dificuldade é que mesmo uma experiência boa pode perder valor, dependendo do contexto. 'Estudos mostram que uma pessoa que ganha um aumento de R$ 500 para R$ 1.000 pode se sentir infeliz se descobrir que todos os colegas foram aumentados para R$ 1.500 - apesar de seu salário ter dobrado', diz o economista inglês Richard Layard, da London School of Economics. 'O processo de comparação com os outros mina a felicidade.'
Outro problema no estudo da felicidade é que o termo não comporta definições precisas. É bem-estar? É satisfação? É êxtase? É a serenidade da contemplação? Martin Seligman, presidente da Associação de Psicologia Americana (APA), faz distinção entre três tipos de felicidade. A primeira é a vida prazerosa, o modo Hollywood de enxergar a felicidade. A segunda é a 'boa vida', como a que Aristóteles pregava: a contemplação e as boas conversas, estar totalmente imerso em uma experiência - que o psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi define como 'flow'. Para Csikszentmihalyi, atividades esportivas, música, leitura, são atividades típicas de 'flow'. Mas o trabalho também pode ser. Ele cita os empreendedores como uma classe especialmente propensa à felicidade, por entregar-se à atividade completamente.

TRABALHO SOCIAL
Flávia Bochernitsan diz ter descoberto a felicidade apenas quando se envolveu com crianças que têm câncer
Paulo Barosi, dono de restaurantes especializados em sushi em São Paulo e no Rio de Janeiro, é um exemplo. 'Sou irrequieto e, quando era criança, isso sempre foi um problema', diz. 'Eu me sentia rejeitado porque não tinha liberdade para fazer nada. Quando tomei o prumo de minha vida, os problemas acabaram. Interferir no mundo de uma maneira positiva me traz uma felicidade incomensurável.'
A terceira forma de felicidade é ter um sentido de vida, a sensação de ligar-se a algo maior que si mesmo. Pode ser religião, pode ser um trabalho voluntário, uma missão. A psicóloga Flávia Bochernitsan afirma que só passou a se sentir feliz quando se envolveu com o Projeto Felicidade, um programa de auxílio a crianças com câncer. 'Eu era superocupada, precisava cumprir uma série de metas impostas por mim mesma', diz. 'Sempre achei que o próximo fosse tarefa do governo. Até que me envolvi sem perceber. Hoje, vejo que fazer uma criança com câncer sorrir é como um milagre. E isso desabrochou em mim um milagre chamado felicidade.'
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O acelerado avanço nos estudos sobre felicidade vem ocorrendo por causa de uma revolução no terreno da psicologia. Em 1998, quando Martin Seligman se tornou o presidente da APA, ele assumiu a bandeira de mudar a ênfase dos trabalhos acadêmicos na área. 'Até hoje, a psicologia se preocupou em tratar as doenças', escreveu Seligman no site de ciência Edge (www.edge.org). 'E foi muito bem-sucedida. Catorze grandes doenças mentais são hoje tratáveis.' O custo, afirma ele, é que, ao pôr tanta ênfase no lado negativo, deixa-se de prestar atenção no positivo. 'Como estávamos tentando desfazer as patologias, não desenvolvemos intervenções para tornar as pessoas mais felizes.'

Bebês com maior atividade no lado esquerdo do cérebro choram menos
A metáfora de Seligman é que a psicologia está bem habilitada a levar as pessoas do -5 para o -2 ou 0. O que ele quer é transformar as pessoas de +2 para +5. Sua área de atuação ficou conhecida como 'psicologia positiva'. Com a eleição de Seligman para a APA, os estudos sobre bem-estar, que costumavam ser tachados de fronteiriços com o ramo da auto-ajuda, vêm ganhando o reconhecimento acadêmico necessário para obter verbas, multiplicar-se, tornar-se o centro das discussões.
Por outro lado, os progressos na neurociência têm lançado luz sobre o que ocorre em nosso cérebro quando estamos felizes. Estudos com ressonância magnética (que mapeiam o fluxo de sangue em diversas áreas) e eletroencefalogramas (que detectam a atividade elétrica dos neurônios) apontam para o lado esquerdo do córtex pré-frontal (uma região acima e à frente do ouvido) como o local do cérebro onde as sensações de felicidade se alojam.
De acordo com Richard Davidson, psiquiatra da Universidade de Wisconsin, isso sugere que algumas pessoas sejam predispostas a ser felizes, pela atividade incomum no córtex pré-frontal. Pesquisas com bebês reforçam a hipótese. Aqueles que têm maior atividade nessa região do cérebro tendem a chorar menos quando são separados das mães por alguns instantes.
Outras descobertas podem apontar para alguma droga da felicidade. Estudos com animais demonstraram que o neurotransmissor dopamina é responsável pela transmissão de sinais ligados a emoções positivas. A dopamina estaria associada principalmente à sensação de felicidade que temos quando chegamos perto de um objetivo - enquanto o prazer de usufruir algo está mais ligado ao sistema de opióides.

FELIZ, SEM DINHEIRO - No Agreste paraibano, Severino da Silva, de 63 anos, passa o dia na enxada plantando feijão e milho. Diz ser feliz por ter comida e a mulher, Maria de Lourdes, 'para fazer um dengo de vez em quando'
Tudo isso reforça a tese de que a felicidade tem um grande componente genético. Num estudo de 1998, que já se tornou clássico, o pesquisador David Lykken, da Universidade de Minnesota, concluiu que 50% do grau de felicidade de uma pessoa é determinado pela genética. Apenas 8% são devidos a coisas que normalmente reputamos como essenciais - casamento, emprego, ganhar na loteria etc. O estudo foi feito com base na descoberta de gêmeas idênticas, Daphne Goodship e Barbara Herbert, separadas no nascimento, que se conheceram apenas aos 40 anos de idade. As duas tinham um senso de humor tão parecido que foram apelidadas de irmãs risonhas.
Na época, Lykken afirmou peremptoriamente que a felicidade era genética e que 'tentar ser mais feliz é tão fútil como tentar ser mais alto' - uma afirmação da qual se arrependeu mais tarde.
Talvez ele não estivesse tão errado, ainda que por outros motivos. Csikszentmihalyi diz que pensar sobre felicidade é sair do estado de 'flow', justamente o caminho que ele prega para ser feliz. É a mesma noção de gente como o filósofo Henry Sidgwick, do século XIX. O paradoxo do hedonismo, dizia ele, é que quem tenta maximizar seus prazeres tem mais chances de fracassar que quem se preocupa com outras coisas. É um contra-senso que, na sociedade moderna, que reúne as melhores condições para tornar seus cidadãos felizes, a busca pela felicidade tenha se tornado uma fonte de estresse.

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